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Análise

Governo se delineia como o mais instável desde 1990

ADRIÁN ALBALA ESPECIAL PARA A FOLHA

A posse de Michelle Bachelet para seu segundo mandato como presidente acontece em um clima renovado, mas incerto. As conquistas e a capacidade aparente do governo mostram-se paradoxais.

Por um lado, Bachelet venceu o segundo turno das eleições presidenciais com a maior margem dos últimos 15 anos --25 pontos percentuais.

Pela primeira vez desde a volta à democracia, em 1990, o governo poderá contar com maiorias nas duas Câmaras do Congresso, o que deveria facilitar, em teoria, a aprovação de necessárias reformas econômicas e sociais.

Por outro lado, a coesão da coalizão de centro-esquerda, após a inclusão recente do Partido Comunista (PCCh), aparece claramente enfraquecida se comparada com seus primeiros quatro governos, entre 1990 e 2010.

Desta forma, Bachelet precisará dar mais atenção à Democracia Cristã (DC), de centro, para preservar a unidade da coalizão.

Após 25 anos de coalizão com os socialistas, o partido apresenta importantes níveis de descontentamento.

De fato, nas últimas semanas, houve queixas do partido sobre a baixa representação no futuro governo (terá apenas cinco ministros), e nas principais comissões parlamentares.

Também se tornaram públicas as tensões entre os democratas-cristãos e os comunistas sobre questões internacionais, em especial em relação à situação atual na Venezuela.

Neste contexto, é preciso notar ainda que a Democracia Cristã opunha-se abertamente a qualquer aliança governamental com os comunistas até dezembro de 2012.

Portanto, a disciplina e a fidelidade dos membros do PDC será posta à prova durante todo o mandato.

Vale lembrar que já existe um precedente no primeiro governo de Bachelet em 2006, em que uma grupo significativo de parlamentares democrata-cristãos deixou o partido e a coalizão.

Isso fez com que a presidente perdesse sua maioria no Congresso em seu primeiro ano de governo.

Além disso, pela primeira vez, a maioria parlamentar da coalizão governamental consta de parlamentares que são independentes, provenientes essencialmente da sociedade civil, ou seja, que não estão sujeitos à disciplina partidária.

Esta realidade pode gerar incertezas na aprovação de projetos de lei emitidos pelo governo.

Assomando-se a esses problemas internos, o novo governo inaugura-se num contexto de alta desafeição e desconfiança da sociedade chilena com a classe política, materializadas pelos níveis recordes de abstenção durante as eleições de novembro e dezembro, na casa dos 55%.

Em suma, o novo governo de Bachelet enfrentará situação bastante semelhante à atual administração da presidente brasileira Dilma Rousseff.

A nova presidente terá o complexo desafio de governar e propor respostas concretas às demandas da sociedade civil, que nunca esteve tão afastada dos partidos políticos na história chilena.


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