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Oposição vê com desconfiança missão da Unasul na Venezuela

Líder opositor Henrique Capriles volta a cobrar posição mais clara do Brasil sobre crise política

Governo de Nicolás Maduro celebra criação de comissão, pois aposta que haverá tratamento favorável

FABIANO MAISONNAVE DE SÃO PAULO

A oposição venezuelana reagiu com um misto de ceticismo e rechaço à decisão da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) de enviar uma comissão de chanceleres para "assessorar" o diálogo no país, assolado por grave crise econômica e semanas de protestos violentos.

"Estamos na expectativa. Até agora não contataram a mim nem à Mesa de Unidade Democrática (MUD, coalizão moderada oposicionista)", disse ontem à Folha Henrique Capriles, principal líder oposicionista venezuelano

Ele voltou a cobrar uma posição mais clara do Brasil, que até agora só se manifestou por meio de comunicados de organismos regionais.

"Atores como o governo brasileiro não deram a sua posição sobre a situação complicada em que vivemos na Venezuela", afirmou.

À diferença da imprensa oficial, o anúncio de anteontem da Unasul teve pouca repercussão nos meios de comunicação críticos ao presidente Nicolás Maduro.

Uma das principais ressalvas à proposta se refere ao fato de que a comissão de chanceleres, que irá à Venezuela apenas no início de abril, respalda a Confêrencia Nacional de Paz --formato proposto por Maduro já descartado pelos partidos opositores.

"A impressão é que se trata de uma missão que vem apoiar o governo", disse à Folha Omar Barboza, presidente do partido Un Nuevo Tiempo (UNT) e porta-voz da MUD.

"Para nós, o inimigo do diálogo é o governo. E, se alguém vier apoiar o governo, não irá apoiar o diálogo."

Fora do MUD, a deputada oposicionista María Corina Machado disse a jornalistas ontem que a resolução da Unasul é "uma vergonha".

Corina, que defende a derrubada de Maduro por meio de manifestações de rua, disse que os chanceleres deveriam "refletir" antes de "apoiar um regime que viola os direitos humanos".

Por outro lado, o governo Maduro celebrou a resolução da Unasul, que diz que a criação da comissão foi um pedido da própria Venezuela.

Ontem, o chanceler Elias Jaua disse, via Twitter, que o organismo é "o anel de proteção da pátria".

FORMATO INADEQUADO

Para o ex-presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos, o venezuelano Pedro Nikken, é difícil imaginar uma negociação interna sem apoio externo, dada as desconfianças entre governo e oposição. Mas ele criticou a opção por chanceleres feita pela Unasul.

"Os chanceleres estão condicionados pela relação com o governo venezuelano", disse Nikken. "Não há razão para a oposição se sentir confiante com o chanceler equatoriano, por exemplo."

Ele defende a nomeação de "uma pessoa independente, com autoridade reconhecida", como o ex-secretário-geral da ONU Javier Pérez de Cuéllar, mediador do pacto que encerrou a guerra civil em El Salvador.

"Estamos num torneio de força, com o governo tentando impor um modelo socialista inconstitucional, e a oposição resistindo nas ruas. Se a mediação quiser apaziguar para o governo impor seu modelo, vai fracassar."


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