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Minha História Anastasia Tsareva, 19

Quero continuar Ucraniana

Estudante que nasceu após queda da União Soviética é das raras cidadãs da Crimeia que rejeita se unir à Rússia em referendo que ocorre amanhã

LEANDRO COLON ENVIADO ESPECIAL À CRIMEIA (UCRÂNIA)

RESUMO Nascida em 1995, pouco mais de três anos depois da dissolução da União Soviética, Anastasia Tsareva, 19, diz que vai votar para que a Crimeia continue fazendo parte da Ucrânia no referendo de amanhã. Ciente de que é minoria na região --até os seus pais são a favor da anexação da península à Rússia--, ela afirma que tem medo da mudança e dos conflitos do governo de Vladimir Putin com outros países.

Já decidi sobre o referendo de amanhã na Crimeia: vou votar pela manutenção da ligação da península com a Ucrânia. Sei que não sou maioria, mas acho que é a escolha que minha geração deve fazer.

Meu nome é Anastasia Tsareva, nasci em Simferopol, capital da Crimeia, no dia 16 de fevereiro de 1995. Não vivi a União Soviética. Sempre fui ucraniana e até acho que a vida hoje é melhor do que naqueles tempos.

É interessante porque é a primeira vez que vou votar, e nem esperava por isso agora. Na última eleição para presidente da Ucrânia, em 2010, não tinha idade para dar meu voto, era muito jovem.

Meu pai é russo, nasceu em Níjni Novgorod, terceira maior cidade do país e uma das mais estratégicas nos tempos de União Soviética, quando era conhecida como Gorky. Minha mãe é de Lugansk, no leste da Ucrânia, do lado da Crimeia e que também hoje é toda a favor da Rússia.

Por isso, os dois vão votar pela anexação da península a Moscou. Eu até entendo e respeito, afinal eles cresceram como russos e não discutimos muito isso em casa. Mas eu não posso.

Veja minha faculdade. Eu não sei o que vai acontecer com o curso que faço se a Crimeia passar a fazer parte da Rússia. Estudo Línguas Estrangeiras na Universidade Taurida desde o ano passado. Meu foco é no inglês, o qual falo fluentemente, e também no espanhol.

O governo da Rússia tem se colocado em conflito político com os Estados Unidos e países do bloco. Para mim, é importante ter boa relação com essas nações, como o novo governo da Ucrânia tem, porque dependerei disso para trabalhar mais na frente. Meus amigos de faculdade também.

Tenho medo da mudança, confesso. A palavra mudança me assusta, fora o medo de uma disputa pela região.

Assim como eu, as crianças hoje na Crimeia estudam na escola a história da Ucrânia. Na Rússia, estudam a história russa. Como vai ser isso se a Crimeia mudar? E hoje temos uma vida econômica estável, não é perfeita, mas estável.

Só agora lembraram da gente nessa confusão depois da queda do presidente Viktor Yanukovich no mês passado. E o que vai acontecer com nossa economia?

É a mudança que nos aflige. Eu não faço ideia do futuro como parte da Rússia. Por isso, prefiro que tudo fique como está e quero votar por isso.


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