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Análise

Não é nova Guerra Fria, mas vem aí longo período de atrito

PETER BAKER DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON

Um mês atrás, a maioria dos americanos não seria capaz de apontar para a Crimeia em um mapa. Mas sua ocupação relâmpago por Moscou redesenhou abruptamente o atlas geopolítico e pode ter posto fim decisivo a um período de 25 anos de relacionamento muitas vezes tumultuado mas também construtivo entre EUA e Rússia.

Desde a queda do Muro de Berlim, Washington e Moscou vêm se esforçando em substituir a rivalidade por uma nova forma de parceria.

Após cada rompimento, fosse pelo Kosovo, pelo Iraque ou pela Geórgia, houve uma reaproximação que restaurou o delicado equilíbrio.

A decisão de Putin de tirar a Crimeia da Ucrânia ameaça inaugurar uma nova era, mais perigosa. Se não se trata da Guerra Fria renovada que tanta gente teme, parece provável que tenhamos um período prolongado de confronto e alienação, que será difícil de superar.

Em privado, funcionários do governo americano reconhecem que a chance de remover a Crimeia do controle da Rússia é mínima e que a questão real é determinar se o Ocidente será capaz de impedir que Putin desestabilize ou mesmo tente tomar o controle do leste da Ucrânia.

O relacionamento EUA-Rússia já estava em decadência muito antes de os soldados russos ocuparem a Crimeia, especialmente depois que Putin retornou formalmente à Presidência, em 2012.

Ele e Obama têm pouco respeito um pelo outro.

Putin imputou aos EUA a culpa por protestos de rua em Moscou, ignorou os esforços de Obama para reiniciar as negociações para uma redução de arsenais e ofereceu abrigo a Edward Snowden, o ex-prestador de serviços da NSA (Agência de Segurança Nacional) que expôs o extenso programa americano de espionagem.

Em resposta, Obama declarou uma "pausa" no relacionamento e cancelou uma visita a Moscou, a primeira vez que um presidente americano suspendeu um encontro de cúpula com um colega russo em mais de meio século.

Assim, quando os protestos de rua da Ucrânia levaram à derrubada do presidente pró-russo do país e a Rússia reagiu enviando soldados à Crimeia, o relacionamento já estava deteriorado.

Se não estamos vivendo uma nova Guerra Fria, tampouco existe o novo relacionamento a que Washington aspirava em 1989.


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