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Análise

Dependência de ajuda russa no espaço reforça cautela dos EUA

SALVADOR NOGUEIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Enquanto travam uma batalha diplomática na Terra, EUA e Rússia mantêm que tudo segue normal a bordo da Estação Espacial Internacional. O projeto tem os dois países como parceiros inseparáveis --até porque os americanos no momento não têm meios de levar seus astronautas ao espaço.

Desde a aposentadoria dos ônibus espaciais, em 2011, o único acesso à estação é fornecido pelas espaçonaves russas Soyuz.

Além do mais, o complexo orbital é uma operação conjunta indissolúvel, com módulos construídos pelos dois países --além de parceiros europeus, japoneses e canadenses.

Essa é a ponta visível do programa espacial, que, pela dependência mútua, não sofre ameaças. Pelo menos momentaneamente.

No médio prazo, os americanos podem se sentir desinclinados a fornecer uma extensão às operações da estação. Originalmente programada para ser desativada em 2020, ela recentemente ganhou uma sobrevida da Nasa, que agora projeta seu uso até 2024.

Se as relações com os russos continuarem se deteriorando, esse pode ser um estímulo para desistir da ideia e deixar o programa acabar como originalmente planejado --embora isso descontente os outros parceiros internacionais.

Muito mais dramática, contudo, é uma possível perda no poderio militar americano, caso os russos decidam retaliar sanções comerciais que sejam impostas pelos EUA.

'PROGRAMA INVISÍVEL'

O calcanhar de aquiles ianque é o foguete Atlas V, usado para lançar satélites militares. Seu primeiro estágio conta com motores RD-180, de fabricação russa.

Não seria impensável o czar Putin perder a vontade de comercializar esses motores caso seja incomodado.

E aí a pedra não será no sapato da Nasa, agência espacial civil, mas no do Pentágono.

Embora o problema tenha muito menos visibilidade do que as questões que envolvem a estação espacial (e os americanos tenham suficiente reserva de motores RD-180 para não ficarem de todo vulneráveis), trata-se de uma situação delicada.

Duas semanas atrás, o empresário Elon Musk, da empresa SpaceX, esteve em Washington e declarou ao Congresso que seus motores Falcon poderiam substituir os RD-180 no Atlas V.

Keith Cowing, analista independente do programa espacial americano, tem alertado sobre o dilema. "Não seria prudente começar a desenvolver versões americanizadas desses motores, ou mesmo desenvolver designs domésticos?"

São sinais de que o problema está sendo estudado com atenção. Mas qualquer solução demanda, além de recursos, tempo. Isso talvez ajude a explicar a reação até agora modesta dos EUA à anexação da Crimeia.


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