Folha de S.Paulo

'Putin lembra um ditador da América Latina'

Professor do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais da Academia de Ciências da Rússia, em Moscou, Victor Krasilshchikov, 61, esteve no Brasil a convite do Instituto FHC. Leia trechos de sua entrevista.

Folha - O que quer a Rússia de Putin?
Victor Krasilshchikov - É muito difícil explicar do ponto de vista racional, mas é importante lembrar que Putin pensa a partir do estado recente da percepção social na Rússia. Isto é, depois da crise dos anos 90, a Rússia voltou a ganhar relevância, e Putin resolveu usar esse estado de espírito para anexar a península da Crimeia.

E o discurso de que há fascistas no governo da Ucrânia?
Isso é um exagero. Há alguns grupos ultranacionalistas que apoiaram as revoltas em Kiev e no oeste da Ucrânia, mas é impossível dizer que o atual governo da Ucrânia é um governo fascista. Isso é apenas retórica, apenas propaganda.

Como define Putin?
Vejo similaridades entre as ideias dele e as ideologias dos regimes militares latino-americanos. Putin acha que todas as revoluções são resultado de atividades subversivas inspiradas pelo exterior. Ele mantém a retórica liberal na economia, mas na prática é ultraconservador.