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Após encontro com EUA, Rússia admite negociar com Kiev

Reunião entre Kerry e Lavrov não aponta solução imediata, mas sinaliza possível avanço diplomático

Moscou defende federalismo para a Ucrânia, o que daria mais autonomia para as diferentes regiões

LEANDRO COLON DE LONDRES

Após quatro horas de reunião, Estados Unidos e Rússia anunciaram ontem que vão negociar com a Ucrânia os próximos passos para tentar acabar com a crise envolvendo a região.

O encontro de ontem em Paris entre o secretário de Estado americano, John Kerry, e o ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, não foi suficiente para solução imediata, mas sinalizou a disposição de Moscou em sentar à mesa com o novo governo de Kiev.

Após a reunião, Kerry disse que EUA e Rússia querem uma solução diplomática, mas, segundo ele, nenhuma decisão será tomada sem a manifestação do governo ucraniano, aliado dos Estados Unidos e da União Europeia.

"Nós temos ideias, propostas, mas nosso princípio é claro: não haverá decisão sobre a Ucrânia sem a Ucrânia", afirmou o americano.

O ministro Sergei Lavrov deixou clara ontem a condição de Moscou: federalizar a Ucrânia, o que daria mais autonomia para as regiões do país com forte presença de população de origem russa, como ocorre na península da Crimeia, pivô da atual crise.

"Não vemos outra maneira para garantir o estável desenvolvimento da Ucrânia", disse.

Sobre a reunião com John Kerry, Lavrov afirmou, segundo agências de notícias da Rússia, que os dois lados "concordaram em trabalhar com o governo e o povo ucraniano em busca do progresso nos direitos das minorias".

Ou seja, é esta a proposta que deve ser levada à Ucrânia pelos EUA a partir de hoje: algum tipo de caminho para uma reforma constitucional que apazigue os ânimos.

A conversa entre os representantes de EUA e Rússia fora marcada às pressas no fim de semana, após negociação por telefone, na sexta-feira, entre os presidentes Barack Obama e Vladimir Putin.

Ligada à Ucrânia desde 1954, a Crimeia, cuja população é de maioria russa, foi anexada a Moscou no dia 18 de março, após um referendo local que aprovou a mudança dois dias antes.

Essa foi a resposta que a população da Crimeia e a Rússia deram à queda, em fevereiro, do então presidente da Ucrânia e aliado de Moscou, Viktor Yanukovich.

Ele deixou o cargo após meses de protestos de manifestantes favoráveis a uma maior aproximação do país com o Ocidente. No seu lugar, assumiu um governo alinhado aos americanos e à União Europeia.

Os EUA e a UE não reconhecem a anexação da Crimeia. Ontem, o secretário americano voltou a afirmar que a ação na península é "ilegal e ilegítima". "Qualquer progresso real na Ucrânia deve incluir o recuo das forças russas das fronteiras", afirmou.

Em meio à crise, as potências ocidentais anunciaram uma série de sanções políticas e econômicas contra autoridades russas. Na semana passada, Obama conseguiu excluir a Rússia do G8 com um discurso de que o país tem de recuar militarmente das fronteiras da Ucrânia.

Antes do encontro com Kerry, o ministro russo minimizou essas sanções. "Eu não quero dizer que as sanções são ridículas e que a gente não se importa. Essas medidas não são coisas prazerosas, mas não há uma sensação de dor. Já vivemos épocas mais difíceis", disse.

O governo russo tem alegado que suas ações são legítimas e que não busca invadir território ucraniano.


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