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Análise

Escolha de primeiro-ministro é aposta arriscada de presidente

ADRIÁN ALBALA ESPECIAL PARA A FOLHA

Os resultados desfavoráveis nas eleições municipais levaram o presidente francês, François Hollande, a mandar um sinal político forte para recuperar sua credibilidade e talvez algo de popularidade.

Em casos como esses, a ferramenta clássica à disposição do presidente é a troca de premiê. A Constituição francesa, "semipresidencial", estabelece uma bicefalia do Poder Executivo. O presidente é o chefe da nação e tira sua legitimidade da eleição presidencial. Ele nomeia o premiê como chefe de governo, o qual deve prestar contas à Presidência e ao Parlamento.

Portanto, o posto de premiê funciona como uma espécie de fusível para o presidente: caso ele possua maioria na Câmara, permite-se certa flexibilidade e se evitam impasses institucionais.

Nesse contexto, a nomeação de Manuel Valls é uma mudança mais de comunicação. Hollande quer manter a orientação política, mas espera do novo premiê que imprima dinamismo e autoridade ao gabinete --justamente o ponto no qual pecava o antecessor, Jean-Marc Ayrault.

Porém a figura de Valls está longe de ser consensual. Suas orientações políticas são bastante criticadas no próprio Partido Socialista. Considerado por muitos um "Sarkozy de esquerda", o premiê tem posições iconoclastas sobre temas como imigração, tempo de trabalho etc.

Ao mesmo tempo, Valls desenvolveu uma estratégia de comunicação dinâmica baseada na sua presença midiática constante, o que contribuiu bastante para sua popularidade. De todo modo, a escolha de Hollande constitui uma aposta arriscada.

No dia da nomeação oficial, os verdes, principais parceiros políticos do PS, anunciaram que não aceitariam formar parte de um governo dirigido por Valls. Com isso, o novo governo, composto por socialistas e radicais, enfrenta uma situação menos confortável que a do antecessor.

Sem os verdes, o PS tem estreitíssima maioria na Câmara (dois deputados), e a "ala esquerda" da sigla já ameaçou fugir à disciplina partidária. O primeiro teste no Legislativo terá lugar na próxima terça-feira, quando o novo governo será submetido a voto de confiança parlamentar.

Apesar disso, é de esperar que o PS em geral, bem como os verdes, mantenha o apoio ao governo. Hollande, cuja popularidade é a mais baixa da Quinta República, precisa de resultados rápidos sobretudo no que diz respeito a desemprego e crescimento.


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