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Premiê nomeia ex-mulher de Hollande como ministra
Decisão teria irritado Valérie Trierweiler, recém-separada do líder francês
Política experiente, Ségolène Royal assume pasta ambiental; mídia do país vê 'vingança' contra Trierweiler
Empossado anteontem, o novo premiê da França, Manuel Valls, anunciou ontem Ségolène Royal, ex-companheira do presidente François Hollande, como ministra de Ecologia, Desenvolvimento Sustentável e Energia.
Royal, mãe de quatro filhos do presidente, também foi candidata nas eleições presidenciais de 2007, vencidas por Nicolas Sarkozy.
Ontem também foram anunciados os outros 15 nomes do novo gabinete, um esforço para mostrar que o governo socialista "entendeu o recado" da derrota eleitoral de domingo.
Outros nomes que comporão o gabinete são Arnaud Montebourg, que comandará o Ministério da Economia, e Michel Sapin, que será transferido da pasta do Trabalho para a das Finanças.
Ontem, a mídia francesa destacou a presença de Royal no gabinete --o jornal "Le Monde" publicou o título "A vingança de Ségolène".
Em 2007, o atual mandatário se separou da então candidata socialista para se unir à jornalista Valérie Trierweiler --de quem Hollande, no início deste ano, também se separou, depois de uma revista revelar o "affair" do presidente com a atriz Julie Gayet.
Na eleição parlamentar de 2012, a jornalista, então primeira-dama, gerou mal-estar no governo ao expressar apoio ao candidato rival de Ségolène. Para a imprensa, a nomeação da ministra prova que Hollande e Trierweiler estão separados em definitivo.
ANTI-AUSTERIDADE
Outros analistas, porém, chamaram a atenção para as nomeações de Montebourg e Sapin, ambos integrantes da ala mais à esquerda do Partido Socialista --oposta à do premiê Valls, ex-ministro do Interior, que é considerado um liberal dentro do PS.
Antes ministro da Indústria, pasta que se fundiu com a da Economia, Montebourg é conhecido por suas fortes críticas às políticas de austeridade impostas ao país pela União Europeia --ele acusa os líderes do bloco de estrangular a retomada econômica.
"É ele que vai discutir nossa política econômica com o bloco europeu, principalmente com os alemães que ele insultou sem parar nos últimos dois anos", criticou ontem Jean-François Copé, presidente da UMP (partido de Sarkozy e principal sigla de oposição aos socialistas).
Valls decidiu ainda manter os ministros das Relações Exteriores, Laurent Fabius, e da Defesa, Jean-Yves Le Drian.
Segundo o governo, o chanceler Fabius terá funções ampliadas, como ministro das Relações Exteriores e do Desenvolvimento Internacional. As novas atribuições, porém, não foram detalhadas.