Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Opinião

No contexto atual, pintura grosseira do político pode ser vista como vanguarda

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

Existe algo de vanguardista e ao mesmo tempo de muito caricatural nas pinturas de George W. Bush. Seu traço é grosseiro, a técnica é primária, detalhes marcantes das figuras são exagerados com rudeza e parece haver pouca ou quase nenhuma noção de perspectiva e contraste.

Mas, por um desses acasos na evolução da história da arte, agora, artistas sem intenção de ser artistas, os "outsiders", no jargão do meio, são incensados como pontas de lança de uma nova estética.

Talvez por esse ângulo, a obra de Bush, senão a de um grande retratista, possa ser vista hoje como arte contemporânea da melhor espécie, em sintonia com seu tempo.

Num momento em que técnica é quase nada e contexto é tudo --e haja contexto no caso do controverso Bush--, sua visão de líderes mundiais que estão mais para borrões pastosos do que qualquer representação verossímil entraria fácil em qualquer bienal.

Sem querer ser artista, Bush constrói uma visão única e matizada de seus personagens --um Vladimir Putin severo, um Silvio Berlusconi canastrão e bronzeado, uma Angela Merkel quase meiga.

Só não é levado a sério porque é a mais banal realidade. Mas se um artista real imaginasse e pintasse assim a suposta obra de Bush, seria coroado como o gênio da vez.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página