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EUA ameaçam abandonar negociações de paz
Kerry diz a israelenses e palestinos não poder esperar indeterminadamente
Em meio a nova crise entre israelenses e palestinos, o secretário de Estado americano, John Kerry, ameaçou ontem abandonar a mediação de paz e disse que há limites para o tempo que os EUA se dispõem a gastar com o assunto.
"Esse não é um esforço sem fim, nunca foi. É hora de aceitar a realidade, e nós pretendemos avaliar precisamente quais serão os próximos passos", disse o chanceler dos EUA, em visita a Marrocos.
"Há limite para o tempo e o esforço que os EUA podem despender se as próprias partes não estão interessadas em medidas construtivas para seguir adiante", acrescentou.
O ultimato do secretário de Estado ocorre no final de uma semana em que tanto Israel como a Autoridade Nacional Palestina romperam as precondições da rodada de conversas iniciada em julho.
Na terça, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, assinou pedido de adesão a tratados e órgãos internacionais, contrariando os israelenses. A medida foi uma represália à demora de Israel para libertar a última leva de prisioneiros palestinos prevista na atual negociação.
Logo depois, Israel reagiu cancelando a prometida soltura dos 26 presos dessa leva.
"Os dois lados dizem que querem continuar, mas não podemos ficar sentados esperando por tempo indeterminado", disse Kerry, mostrando irritação. O chanceler discutirá os próximos passos com o presidente Barack Obama quando voltar aos EUA.
Em Ramallah (Cisjordânia), Nabil Shaath, um dos principais negociadores palestinos, voltou a dizer que, ao assinar os tratados, Abbas não tinha a intenção de irritar os EUA, mas de chamar a atenção para a demora de Israel na soltura dos prisioneiros.
"Acho que [Kerry] voltará, porque não abandonamos o processo", afirmou. "Vamos continuar a negociar como combinado, e espero que ao menos uma vez a paciência dos EUA se esgote com Israel, e não com os palestinos."
Para membros do governo de Israel, como o ministro das Finanças, Yair Lapid, Abbas faz demandas impossíveis de cumprir para sabotar deliberadamente as negociações.
Em meio à turbulência na Ucrânia e aos problemas em países como Síria e Irã, o processo de paz no Oriente Médio vinha sendo prioridade de Kerry desde que ele assumiu o cargo, no início de 2013.
O secretário, que fez mais de dez visitas à região, chegou a dizer que queria fechar um acordo em nove meses --a atual rodada de negociação acaba no dia 29 deste mês.