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Londres tira cidadania de suspeitos de terrorismo

Alvos de drones perdem passaporte do Reino Unido antes de serem mortos

Em diversos países, a cidadania é vista como um direito que não pode ser revogado, exceto em casos bastante restritos

KATRIN BENNHOLD DO "NEW YORK TIMES", EM LONDRES

A carta informando a Mohamed Sakr que ele tinha sido destituído da cidadania britânica chegou à casa de sua família em Londres em setembro de 2010.

Filho de britânicos de origem egípcia, nascido e criado em Londres, Sakr estava na Somália e era suspeito de ser uma figura importante do grupo terrorista Al Shabab.

Dezessete meses depois, um drone (avião não tripulado) o matou.

Um amigo de infância de Sakr, Bilal al-Berjawi, britânico de origem libanesa também destituído da cidadania britânica pelo governo, foi morto num ataque de drone um mês antes, após ter escapado de um ataque em 2011.

Os casos de Sakr e al-Berjawi estão entre os mais significativos envolvendo o uso crescente por Londres da capacidade de destituir britânicos da cidadania e dos direitos a ela associados.

Diante de temores de que o fluxo constante de muçulmanos britânicos que viajam para combater na Síria possa criar riscos quando eles retornarem, o governo está propondo a adoção de leis que lhe dariam flexibilidade adicional para aplicar a destituição da cidadania.

DIREITO

Em muitos países ocidentais, incluindo os EUA, a cidadania é vista como um direito que não pode ser tirado exceto em casos muito restritos, como cidadãos que serviram nas Forças Armadas de outro país ou obtiveram a cidadania de modo fraudulento. Outros países tiram a cidadania de pessoas com um passaporte de outro país.

O Reino Unido é um dos poucos países que podem revogar a cidadania de pessoas que possuem uma segunda, mesmo nascidas em solo britânico, se forem suspeitas ou condenadas por delitos terroristas ou deslealdade.

O que o país quer é estender a prática a cidadãos naturalizados que não possuem outra nacionalidade e que ficariam apátridas se perdessem a cidadania britânica.

Sakr, que foi morto em fevereiro de 2012, tinha apelado da decisão, alegando que ficaria apátrida. Ele nunca teve passaporte egípcio, apesar de ter direito, devido à origem de um de seus pais.

Seu advogado na época disse que Sakr acabou desistindo do recurso por temer que, se mantivesse contato frequente com ele, sua localização pudesse ser determinada, e ele se tornasse alvo de um ataque de drone.

Desde 2006, 42 pessoas foram destituídas da cidadania britânica, 20 em 2013. Em Israel, a título de comparação, tal poder foi usado apenas duas vezes desde 2000.


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