Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Análise geopolítica

Interesse pelo Ártico eleva risco de tensão

Em resposta à presença de Moscou na região, EUA vêm construindo submarinos para águas árticas

ALEXANDROS SARRIS ESPECIAL PARA A FOLHA

Nos últimos 15 anos, vem crescendo o interesse da comunidade internacional pelas regiões polares, especialmente o Ártico.

A mudança do clima no oceano Atlântico gerou preocupações jurídicas quanto à defesa nacional e exploração mineral.

Como resultado, a questão da soberania nacional sobre o Ártico voltou a ganhar importância política.

Os países da região ártica antecipam que o nível mais baixo do mar venha a tornar economicamente viável a exploração de mais depósitos de petróleo e gás natural.

Dados sobre a disponibilidade de petróleo e gás natural no subsolo do oceano Ártico resultaram na sugestão de que a "corrida" à região foi inspirada pelo desejo das nações árticas de controlar recursos inexplorados.

Embora não exista ameaça de conflito quanto à divisão do piso oceânico, continua a haver atividade militar na região. E, à medida que o gelo se derrete e o oceano Ártico se torna semelhante aos demais oceanos, atividades navais cotidianas para a proteção do comércio marítimo começarão a ocorrer lá.

Existem duas tendências que aumentam a importância estratégica das águas que cercam o Polo Norte. Primeiro, a Rússia vem construindo submarinos melhorados equipados com mísseis nucleares. As bases essenciais para esses submarinos e as forças que os protegem ficam em Murmansk, diretamente diante do Polo Norte.

Isso já levou a Marinha dos Estados Unidos a garantir que seus submarinos de ataque sejam capazes de operar em águas árticas. Por isso, podemos ver alguns hábitos da Guerra Fria retornando, com as duas Marinhas uma vez mais envolvidas em jogos de gato e rato por sob o gelo.

Segundo, muitos países não árticos têm interesse no Ártico, já que a região serve como cobaia, capaz de lhes ensinar de que maneira a mudança no clima os afetará.

Eles também estão interessados no potencial de acesso às vastas reservas de hidrocarbonetos e na economia de custo que poderia ser obtida por meio de rotas de navegação árticas.

China e Índia já se adiantaram para declarar sua presença, no novo status quo que está sendo formulado.

Não existe dúvida de que as mais dramáticas mudanças na região se relacionam ao clima. Muitos especialistas acreditam que a cobertura permanente de gelo terá desaparecido talvez já a partir de 2020.

Mas, ao mesmo tempo que o Polo Norte está mudando fisicamente, a exploração da área está aumentando.

Melhoras na tecnologia marinha liderada por Estados não árticos, entre eles a Coreia do Sul, estão permitindo que tipos diferentes de embarcação consigam navegar na região, mesmo na presença de gelo.

A descoberta contínua de campos de petróleo e gás natural inexplorados na área também está propelindo o desenvolvimento de tecnologias melhores. Em resumo, a região do Polo Norte está passando por uma imensa transformação.

O Brasil parece ser um país sem interesse especial pelo Ártico. Mas a realidade pode vir a ser diferente. O derretimento do gelo pode levar à neutralização gradual do Canal do Panamá.

Tudo depende de como se olha o mapa: olhando de São Paulo a Svalbard -território ártico pertencente à Noruega-, o Brasil pode parecer muito distante do Ártico; mas ele parece muito mais próximo olhando de Svalbard a São Paulo.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página