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Oposição está fragmentada e defende soluções distintas para crise

DIOGO BERCITO DO ENVIADO A DAMASCO

A crise na Síria é, para o analista Bassam Abu Abdallah, também etimológica. "Há um problema de terminologia", diz. "O que é liberdade'? O que é guerra'?", pergunta. Mas a principal questão para ele é definir o que é "oposição" no espectro político.

A resposta depende hoje de várias divisões: entre o apoio e a rejeição ao regime; entre um projeto secular e outro religioso; e, ainda, entre uma resolução diplomática e outra militar.

A crise epistemológica é, em parte, resultado de décadas de monopólio do governo pelo partido Baath. "Sem uma vida política regular, não desenvolvemos oposição", afirma à Folha Abdallah, diretor do Centro Damasceno para Estudos Estratégicos.

O regime do ditador Bashar al-Assad se apoia no que afirma ser a "oposição interna" na Síria, em lugar da "oposição externa", que seriam insurgentes apoiados pela comunidade internacional, em especial Arábia Saudita e EUA.

A narrativa serve para deslegitimar grupos como a Coalizão Nacional Síria, cuja liderança está exilada, e o Exército Livre da Síria, afirmando que a única solução para a crise é a negociação com os partidos políticos --que, para os críticos, foram domesticados pelo Estado.

DEFESA DO ESTADO

"Estou na oposição contra o regime, mas não quero destruir o Estado", diz Mahmud Murai, do Partido da União Socialista Árabe. "Começamos um movimento para melhorar a situação síria, mas o conflito vitimou milhares de sírios. Isso significa que há um problema no método."

Parte da "oposição interna", ele critica os rebeldes das facções islamitas Estado Islâmico do Iraque e do Levante e da Jabhat al-Nusra, que querem, afirma, levar o país "até mil anos atrás".

Murai trabalha hoje tentando trazer de volta à Síria a oposição política exilada no exterior, para então negociar com o regime.

Seu projeto político é um país sem o ditador. "Hoje, Assad luta contra os rebeldes e entende que somos melhores. O regime sírio sabe que ou lida conosco ou com rebeldes armados", afirma.

Tariq al-Ahmad, do Partido Social Nacionalista Sírio, fundado nos anos 1930, afirma que o Baath "não é democrático". Mas alega que, "se os EUA nos dizem que Assad tem de renunciar, passo a querer que ele não saia". Na oposição até 2005, o partido tem hoje 13 parlamentares e dois ministros no governo.

Ele reclama de que o Baath liderou a Síria por meio século em um sistema de partido único, mas diz também que "esses rebeldes nunca fizeram parte da oposição, e islamitas não são parte do espectro político".


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