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Pró-russos ocupam mais prédios na Ucrânia
Grupo toma controle de sede regional do Ministério do Interior em Donetsk; presidente convoca reunião emergencial
Leste ucraniano é novo palco de tensão entre Kiev e Moscou; EUA acusam Rússia de estar por trás de invasões
Militantes pró-Rússia tomaram controle ontem da sede regional do Ministério do Interior em Donetsk, polo industrial no leste da Ucrânia.
No alto do edifício foi hasteada a bandeira da autodenominada "República Popular de Donetsk", que chegou a se declarar independente do governo de Kiev na semana passada, sem reconhecimento internacional. Na frente da construção, eles instalaram um poste fronteiriço russo, para marcar simbolicamente o território. Policiais aderiram ao grupo.
A sede regional é o segundo edifício do governo em Donetsk que cai em poder dos ativistas pró-russos, depois de no domingo tomarem a sede do governo local.
Também ontem, milícias ocuparam, sem confronto, três delegacias em cidades da região de Donetsk --Krasni Liman, Druzhkovka e Slaviansk. Esta última teve seus principais acessos tomados, enquanto barricadas com pneus eram montadas na região por militantes.
O episódio aumenta ainda mais a tensão no leste ucraniano, onde militantes pró-Rússia pedem mais autonomia à região, em que boa parte da população fala russo e tem laços com Moscou. Em março, a península da Crimeia, de maioria étnica russa, foi anexada por Moscou após um referendo.
O ministro ucraniano do Interior, Arsen Avakov, disse que os episódios de ontem representam um "ato de agressão" da Rússia. "Unidades de defesa estão montando a operação de resposta", afirmou.
Em nota, a Casa Branca se disse "preocupada" com a violência causada "aparentemente com apoio da Rússia". O vice-presidente dos EUA Joe Biden anunciou visita à Ucrânia no fim do mês para se reunir com líderes locais.
Moscou, porém, nega envolvimento nas ações e tem dito que não tem planos de ocupar militarmente o leste da Ucrânia, apesar de a Otan (aliança militar ocidental) já ter alertado para uma concentração de tropas russas perto da fronteira.
Diante da gravidade da situação, o presidente interino da Ucrânia, Oleksander Turchinov, destituiu o chefe do Serviço de Segurança da Ucrânia para a região de Donetsk, Valeri Ivanov, e convocou uma reunião de emergência para discutir a crise.
Anteontem, o premiê ucraniano interino, Arseni Yatseniuk, garantiu a líderes do leste que Kiev daria a eles mais poder para que controlem sua economia e escolham seus governantes, hoje nomeados pelo governo federal.
GÁS
O chefe da Naftogaz, estatal ucraniana de energia, afirmou que Kiev iria suspender o pagamento pelo gás russo "até a conclusão de um novo acordo sobre os preços".
A declaração elevou ainda mais o risco da Rússia interromper o fluxo para gasodutos ucranianos, por onde passa boa parte do gás fornecido à Europa. Moscou cobra de Kiev dívida de US$ 2,2 bilhões em fornecimento de gás.