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Ucrânia reage e avança sobre pró-russos
Tropas retomam aeroporto invadido por militantes contrários a Kiev, mas prédios públicos seguem sob ocupação
Rússia pede à ONU que recrimine operação ucraniana e diz que país vizinho vive situação 'à beira de guerra civil'
O governo da Ucrânia deu ontem o primeiro sinal significativo de reação militar à ofensiva de ativistas pró-Rússia pelo controle de cidades no leste do país.
Em uma operação batizada de "antiterrorista", tropas lideradas por Kiev retomaram o controle do aeroporto de Kramatorsk e de uma pista de pouso em Slaviansk, na região (Estado) de Donetsk.
Os relatos sobre mortos no confronto são divergentes. O governo ucraniano diz não ter havido vítimas. Segundo o chefe dos ativistas, dois militantes pró-Rússia ficaram feridos. Já a mídia russa, sem citar fontes, variou de 4 a 11 mortes no aeroporto.
A ação, que contou com o uso de helicópteros militares, ocorreu um dia depois do ultimato que o governo havia dado aos separatistas que ocupam prédios públicos em cerca de dez cidades do leste, foco da tensão entre Ucrânia e Rússia.
Apesar da operação militar, ativistas pró-Moscou ainda mantêm o controle de algumas áreas, principalmente em Donetsk.
O presidente russo, Vladimir Putin, conversou por telefone com o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon.
Segundo nota do Kremlin, Putin classificou de "anticonstitucionais" os atos ucranianos e defendeu que o órgão condene a ação contra os ativistas. O primeiro-ministro, Dmitri Medvedev, afirmou que a Ucrânia está "à beira de uma guerra civil".
Já comunicado distribuído pela ONU informou que Ban demonstrou preocupação com o "aprofundamento" da crise e pediu que todos trabalhem para diminuir a violência na região.
Um relatório da ONU sobre direitos humanos na Ucrânia minimizou os argumentos dos ativistas pró-Rússia de que agem porque sofrem perseguição dos nacionalistas ucranianos. Um falso clima de "medo" tem sido criado, alerta o documento.
A tensão no leste da Ucrânia se agravou depois da anexação da península da Crimeia pela Rússia, no dia 18 de março.
O território era ligado a Kiev desde 1954, mas passou para o controle de Moscou, por referendo.
Uma eleição presidencial foi marcada para 25 de maio na Ucrânia.
O governo ucraniano afirma que a Rússia tem apoiado o movimento separatista que ganha corpo no leste. Putin nega, mas defende a aprovação de uma proposta que federalizaria o país, o que daria mais autonomia às províncias onde há maior concentração de população de origem russa.
Ontem, o presidente interino, Oleksander Turchinov, reafirmou a acusação contra Moscou: "Eles (Rússia) querem que todo o sul e o leste da Ucrânia sejam engolidos pelo fogo. Essa operação é para defender os cidadãos ucranianos e parar o terrorismo."
O dirigente recebeu apoio político dos Estados Unidos para retomar o controle das áreas ocupadas.
"Entendemos que o governo da Ucrânia está trabalhando para tentar acalmar a situação no leste do país", declarou a Casa Branca.