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Tripulantes agiram como assassinos, diz líder da Coreia do Sul
Para presidente, conduta da equipe que comandava navio cujo naufrágio matou pelo menos 104 pessoas é inaceitável
Governo é criticado por parentes das vítimas pela demora em agir; ainda há quase 200 pessoas desaparecidas
A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, disse ontem que os tripulantes do navio Sewol, que naufragou na última quarta, atuaram como assassinos pelos erros cometidos na hora de esvaziar a embarcação.
O navio levava 476 passageiros do porto de Incheon, a 43 km da capital, Seul, para a ilha de Jeju, um dos principais destinos turísticos do país. Pelo menos 104 pessoas morreram e outras 198 ainda estão desaparecidas. A maioria dos passageiros eram estudantes de ensino médio que faziam uma excursão.
"A conduta do capitão e de alguns membros da tripulação é totalmente incompreensível do ponto de vista do senso comum, e foi como um assassinato que não pode e não deve ser tolerado", disse a presidente durante uma reunião com seus secretários.
"O capitão não obedeceu às ordens de retirada de passageiros do serviço de tráfego de navios e escapou à frente dos outros, ao dizer aos passageiros para manter os seus lugares. Isso é algo inimaginável legal ou eticamente", disse ela.
Park prometeu ainda apurar todas as irregularidades ocorridas no naufrágio e obrigar os responsáveis a assumir sua culpa.
No momento do acidente, a terceira imediata de 26 anos conduzia o navio, em um ponto em que a embarcação precisaria fazer uma curva. Após perceber o naufrágio, o capitão pediu aos passageiros que ficassem na embarcação, em vez de sair.
Essa atitude teria ajudado a provocar o alto número de mortes, que pode chegar a mais de 300. No sábado, o capitão culpou o mar revolto e a falta de barcos para resgate por não ter ordenado a saída dos passageiros.
Lee Joon-seok, 69, foi preso, assim como outros dois timoneiros. Ontem, a polícia prendeu mais quatro tripulantes do navio.
O capitão responderá por homicídio culposo, naufrágio e abandono de navio, por ter sido um dos primeiros a deixar a embarcação. Os timoneiros e os tripulantes também responderão por naufrágio e por abandono do navio.
CRÍTICAS
A declaração da presidente acontece no momento em que o governo é criticado pelos familiares das vítimas, que o acusam de não se empenhar o suficiente no resgate dos passageiros.
A confusão começou logo após o acidente, quando a Guarda Costeira informou que 368 pessoas haviam sido resgatadas, quando, na verdade, eram 174. Os parentes também reclamam da demora dos mergulhadores em entrar no navio e da relutância do governo sul-coreano em aceitar ajuda externa.