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Jovem viaja 3.800 km em trem de pouso
Adolescente que foi de avião da Califórnia ao Havaí sobreviveu à falta de oxigênio e a temperaturas de até -60°C
Segundo o FBI, garoto fugiu da casa dos pais após briga; caso expõe falha de segurança nos aeroportos americanos
Um jovem de 16 anos viajou escondido no trem de pouso de um Boeing 767 que foi de San José (Califórnia) a Maui (Havaí) --e, segundo o FBI (polícia federal dos EUA), sobreviveu a cinco horas de viagem a mais de 11 mil metros de altura e temperaturas que podem chegar a -60°C.
O adolescente foi encontrado cambaleando na pista do aeroporto de Maui assim que o voo da Hawaiian Airlines vindo de San José, a 3.800 km de distância, aterrissou.
Sem identificação e portando apenas um pente, o jovem foi questionado pelo FBI e internado sob observação num hospital havaiano. Ele não foi acusado de nenhum crime pela polícia federal, mas poderá responder na Califórnia pela invasão da pista do aeroporto de San José.
O nome do adolescente não foi divulgado até a conclusão desta edição. De acordo com as autoridades americanas, ele disse ser de Santa Clara (Califórnia), onde frequenta uma escola do ensino médio, e declarou ter fugido da casa dos pais depois de uma briga.
"O garoto teve sorte em sobreviver", disse à imprensa o porta-voz do FBI em Honolulu (Havaí), Tom Simon. Para Simon, o jovem deve ter ficado inconsciente durante a maior parte da viagem --ele disse às autoridades não se lembrar do voo de San José.
Especialistas ouvidos por agências de notícias e pela rede CNN afirmam que o adolescente pode ter entrado em estado similar à hibernação, com perda de consciência (devido à falta de oxigênio) e redução da atividade cerebral, respiratória e cardíaca.
Estima-se que, desde 1947, 105 pessoas tenham tentado viajar "de carona" em trens de pouso em todo o mundo; 80 morreram na tentativa.
FALTA DE SEGURANÇA
O caso gerou preocupação quanto à falta de segurança nos aeroportos dos EUA. Antes de se alojar no trem de pouso do Boeing, o adolescente conseguiu pular uma cerca do aeroporto de San José e andar pela pista sem ser interceptado pela vigilância.
Imagens de circuito interno mostram o garoto escalando a cerca. A porta-voz do aeroporto, Rosemary Barnes, afirmou que a invasão da pista não foi detectada por ter acontecido à noite, embora o voo para Maui tenha decolado só no domingo de manhã.
"A segurança nos arredores dos nossos aeroportos é preocupante. [O caso do garoto] chama a atenção para vulnerabilidades que têm de ser resolvidas", tuitou o deputado democrata Eric Swalwell, da Comissão de Segurança Nacional da Câmara.
A TSA (Agência de Segurança dos Transportes), que cuida das revistas dentro dos aeroportos, não é responsável pela segurança dos arredores, que fica a cargo de autoridades locais ou federais.