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Legalizar maconha é opção, diz militar

Ex-chefe de comando dos EUA para a América Latina, Stavridis vê descriminalização como estratégia para região

Almirante americano diz, porém, que é cedo para pensar sobre legalização da cocaína no combate às drogas

DE SÃO PAULO

Na continuação da entrevista, James Stavridis fala sobre a política antidrogas na América Latina -ele foi chefe do Comando Sul dos EUA, encarregado da região. Também comenta a situação na Síria e no Afeganistão.

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Os EUA deram um forte apoio militar ao combate às drogas em países como Colômbia e México, com resultados frustrantes. Recentemente, há um movimento crescente em favor da legalização. Qual é a sua opinião?
Creio que seja prematuro pensar na legalização da cocaína, porque é muito viciante. A ideia de legalizar maconha está surgindo, dois Estados americanos já o fizeram.
A maconha é uma parte significativa do comércio de drogas, portanto, uma estratégia potencial deveria ser a legalização da maconha e usar isso como um experimento para ver qual efeito isso tem.
Mas é uma conversa que está acontecendo e também precisa ser parte do diálogo entre os Estados Unidos, que são o grande mercado, e outras partes do mundo. O mercado norte-americano atrai não apenas maconha e cocaína do sul [América Latina], mas também heroína, que vem do leste, da Europa.
É simplista dizer que vamos parar a guerra às drogas erradicando o plantio. É preciso atacar o problema em três dimensões. Primeiro, a demanda. É responsabilidade dos Estados Unidos diminuir a demanda e tratar as pessoas viciadas, ter um bom sistema de saúde, educar. E sei que isso é um desafio no Brasil também.
Em segundo lugar, é preciso ir atrás da zona de trânsito, onde os militares têm alguma utilidade, tentar parar enquanto a droga se move.
E, em terceiro lugar, é preciso olhar o lado da oferta. Não acho que a erradicação tenha sido muito eficiente. Sou mais favorável à substituição de cultivos, educação, criação de outros empregos.

O ditador Bashar al-Assad, com apoio da Rússia, evitou uma intervenção americana e agora está ganhando a guerra. Quais são as opções diplomáticas e militares?
Começarei dizendo que estou muito pessimista com a Síria. É uma situação muito, muito sombria. Francamente, é difícil vislumbrar uma conclusão positiva.
O melhor exemplo de uma situação comparável são os Bálcãs, que atravessaram um período de violência extrema, com talvez 100 mil pessoas mortas, 2 milhões a 3 milhões de pessoas coagidas a cruzar fronteiras.
Mas a mudança na situação veio quando a comunidade internacional se uniu, sob a ONU, e de fato a Rússia cooperou com a Otan, enviando tropas de paz.
Portanto, espero que, em algum momento, com a assistência russa, possamos criar uma tropa de paz internacional para promover a estabilidade. Infelizmente, com os eventos na Ucrânia, é menos provável que tenhamos um resultado positivo.
No momento, a melhor coisa que a comunidade internacional pode fazer é combater a crise humanitária.
Em segundo lugar, precisamos manter a pressão sobre Assad, condenar suas ações.
Terceiro, precisamos manter um diálogo com a Rússia sobre isso. No meio da nossa preocupação sobre a Ucrânia, precisamos encontrar uma forma de avançar em outros temas com a Rússia.

No Afeganistão, a maioria das tropas da Otan deixará o país até o fim do ano...
Correto. Reduziremos para 15 mil militares da Otan, dos quais 10 mil norte-americanos. É suficiente para manter uma capacidade real ao lado das forças de segurança afegãs. Há 350 mil forças de segurança afegãs, entre policiais e militares. São bem treinados, capazes.
Darei um exemplo bem prático: a recente eleição. O Taleban queria desesperadamente obstruir a eleição, mas não conseguiu nada. A eleição ocorreu muito bem: 7 milhões votaram, dos quais 3 milhões eram mulheres. Isso significa um comparecimento de 65%. Nos EUA, registramos 60% de comparecimento na eleição presidencial mais recente.
A minha preocupação não é o Taleban. Eles são bastante impopulares. Agora, poderíamos nos preocupar com as tensões entre [as etnias] tadjiques, hazaras. Essas divisões, o narcotráfico e corrupção são três desafios reais no Afeganistão. Sou cautelosamente otimista: as chances são de dois em três de um resultado bem-sucedido.


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