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Perante multidão, Igreja transforma papas em santos

Francisco faz do polonês João Paulo 2º e do italiano João 23 os novos alvos de veneração dos católicos

O emérito Bento 16 também compareceu à cerimônia no Vaticano, que foi chamada de o 'dia dos quatro papas'

LEANDRO COLON ENVIADO ESPECIAL A ROMA

Diante de uma multidão que passara a noite anterior em vigília, os papas João Paulo 2º e João 23 foram declarados santos por Francisco em uma missa sem precedentes na história da Igreja Católica.

O evento de ontem na praça São Pedro é simbólico não só por causa da inédita canonização de dois chefes da Igreja no mesmo dia mas também pela presença do papa emérito Bento 16.

A celebração foi chamada pelos fiéis de o "dia dos quatro papas".

Confirmou-se a expectativa de que Francisco aproveitaria para dar um recado de que a Igreja precisa estar aberta a mudanças --o que justifica em parte a sua decisão de incluir João 23, apontado como reformador, na mesma missa de canonização do popular João Paulo 2º.

Depois de estimar a presença de 1 milhão de pessoas, o Vaticano anunciou balanço de 800 mil, sendo 500 mil na praça São Pedro e o restante nos arredores.

Ao declará-los santos, o papa Francisco disse que o italiano João 23 e o polonês João Paulo 2º podem ser "venerados" pelos católicos.

Os dois processos de canonização foram aprovados em 2013 após exceções concedidas por Francisco e seu antecessor.

Para João Paulo 2º, abriu-se mão em 2005, nos tempos de Bento 16, do intervalo mínimo de cinco anos após a morte do postulante para o início do processo.

No caso de João 23, foi dispensada a necessidade de um segundo milagre, tradicional requisito para a santidade.

Críticos da Igreja apontam que, além do gesto religioso, a forma com que as canonizações foram conduzidas reflete também um ato político da Igreja em tempos de crises recentes sobre abuso sexual envolvendo padres e corrupção no banco do Vaticano.

Francisco disse ontem que ambos "foram sacerdotes, bispos e papas do século 20, conheceram as suas tragédias, mas não foram vencidos por elas".

João 23, conhecido como o "papa bondoso", foi quem convocou o Concílio do Vaticano 2º, encontro ecumênico realizado de 1962 a 1965 que abriu as portas da Igreja para o mundo moderno.

João Paulo 2º, chamado por Francisco de "papa da família", participou como bispo e, embora mais conservador, colocou em prática como nenhum outro uma das principais diretrizes daquela reunião: viajar pelo mundo para difundir a fé católica em quase 27 anos de pontificado.

"E esta é a imagem de Igreja que o Concílio Vaticano 2º teve diante de si. João 23 e João Paulo 2º colaboraram com o Espírito Santo para restaurar e atualizar a Igreja segundo a sua fisionomia originária", afirmou o papa Francisco.

"Na convocação do Concílio, João 23 demonstrou uma delicada docilidade ao Espírito Santo, deixou-se conduzir e foi para a Igreja um pastor, um guia-guiado. Este foi o seu grande serviço à Igreja; foi o papa da docilidade ao Espírito Santo", afirmou.

MILAGRES

João Paulo 2º teria curado em 2005, pouco depois de morrer, a freira francesa Marie Simon-Pierre Normand do mal de Parkinson após ela clamar por sua interferência.

A freira esteve presente à canonização, assim como a costarriquenha Floribeth Mora Diaz, 51, que diz ter sido curada pelo papa de um aneurisma cerebral, em 2011.

Já João 23 havia sido beatificado em 2000, por causa da cura de uma mulher em 1966 que teria problemas de estômago. Segundo o Vaticano, duas relíquias foram usadas na cerimônia: um frasco contendo sangue do polonês e outro com pedaço de pele do italiano.


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