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Análise - Eleição no Egito

Coroação de militar não vai pôr fim à violência

Pleito do fim do mês pretende legitimar novo autoritarismo, mas país se provou imprevisível nos últimos três anos

ROULA KHALAF DO "FINANCIAL TIMES"

As autoridades do Egito estão preparando meticulosamente uma eleição gloriosa, que elevará o antigo líder militar Abdel Fattah al-Sisi à Presidência com aprovação popular esmagadora. Nenhum obstáculo, grande ou pequeno, se interporá no caminho de um espetáculo encenado para parecer uma volta ao caminho da democracia.

É por isso que Bassem Youssef, mais conhecido comediante do Egito, teve de sair do ar até depois do fim do pleito de maio. O canal de TV bancado pelos sauditas que veicula seu programa lhe deu férias para "evitar influenciar a orientação dos eleitores e a opinião pública".

Youssef zombava de uma eleição cujo resultado já está decidido e ridicularizava o culto à personalidade de Sisi, o líder do golpe que em 2013 depôs Mohammed Mursi, o presidente islâmico eleito.

A eleição de Sisi pode ser uma tragédia para o Egito, mas não será piada. O que está em jogo é a legitimação do novo autoritarismo do país, que também abrirá caminho para o cético Ocidente normalizar relações com o Cairo.

O marechal --que deixou de usar uniforme no mês passado e recentemente foi visto em um moletom pedalando sua bicicleta pela capital-- é adorado por muitos egípcios cansados do caos que se seguiu à eleição de 2011, que se sentem amargamente desapontados pelo breve período de governo dos islâmicos.

Pouco importa que ele esteja recriando um Estado ainda mais repressivo que o de Hosni Mubarak. Ou que a era de ferrenho nacionalismo que ele personifica seja um recuo aos anos 50. É de um líder forte que o país precisa, afirmam muitos egípcios.

Sisi pode se provar duradouro no posto: as forças que ajudaram a eliminar Mubarak e Mursi, assim como patrocinadores ricos em petróleo, estão do seu lado. Mas fica um conselho contra o apoio apressado a ele: nos últimos três anos, o Egito se provou imprevisível, e os egípcios se voltaram contra todos que tentaram governá-los.


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