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Líder republicano é solto na Irlanda do Norte
Pró-independência em relação ao Reino Unido, Gerry Adams nega participação em assassinato ocorrido em 1972
Governo norte-irlandês chama de 'desprezíveis' acusações feitas pelo Sinn Fein, liderado por Adams, contra a polícia
O líder republicano norte-irlandês Gerry Adams foi libertado ontem pela Polícia da Irlanda do Norte (PSNI) e aguarda que a promotoria se pronuncie sobre eventuais acusações.
Presidente do Sinn Fein --partido político que luta pela independência em relação ao Reino Unido--, Adams estava sendo interrogado desde a noite de quarta-feira sobre o assassinato de Jean McConville, ocorrido em 1972.
Católica, viúva de 37 anos e mãe de 10 filhos, ela foi acusada pelo Exército Republicano Irlandês (IRA) --movimento armado anti-Reino Unido-- de ser uma informante britânica, o que não foi provado. Seu corpo só foi encontrado em 2003, quatro anos depois de o grupo reconhecer a autoria do crime.
Adams nega envolvimento. Ele diz jamais ter pertencido ao IRA, do qual o Sinn Fein era o braço político.
Após ser solto, ele reiterou sua inocência durante entrevista coletiva em Belfast.
"Tenho trabalhado fortemente com outros colegas para corrigir essa injustiça", declarou ele, que é líder do partido há 21 anos.
Desde sua detenção, o Sinn Fein vem acusando a polícia de agir contra seu líder por motivos políticos.
O primeiro-ministro da Irlanda do Norte, Peter Robinson, classificou ontem essas acusações de "desprezíveis".
Segundo Robins, que é líder do Partido Democrático Unionista (DUP), a "ameaça" é uma tentativa de "chantagem" feita pelos "mais altos quadros do Sinn Fein".
Robinson defendeu que a PSNI deve poder atuar com "total liberdade para "investigar todas as provas" e para decidir, "livre de qualquer consideração política", se um "suspeito deve ser acusado ou não".
Após a assinatura do acordo de Sexta-Feira Santa, em 1998, a Irlanda do Norte colocou fim a quase 30 anos de conflito armado.
O processo de paz, porém, tem avançado com dificuldades, devido à reticência do Sinn Fein em reconhecer a autoridade da polícia e do sistema judicial norte-irlandês.
Esse passo só foi dado em 2007, quando se consolidaram as bases para que republicanos e unionistas formassem um governo de poder compartilhado.