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Pesadelo turco

País se comove com histórias como a do grupo que revezou oxigênio e do recado achado junto ao corpo de uma vítima

DE SÃO PAULO DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A Turquia viveu nesta quinta (15) o terceiro dia de um drama nacional que se torna pior a cada novo detalhe sobre a tragédia dos mineiros.

Um dos casos mais comoventes, revelado pelas equipes de resgate, é o de 14 mineiros que tentaram se refugiar em uma sala dentro da mina logo após a explosão.

Segundo os bombeiros, o grupo percebeu que não seria possível sair da mina e foi até um local chamado de "quarto do pânico". A sala de cinco metros quadrados é preparada exatamente para este tipo de acidente e contém água, comida e oxigênio.

Eles conseguiram se abrigar no local, mas a quantidade de oxigênio armazenada em cilindros não era suficiente para todos.

O ar no interior da mina rapidamente se contaminou com monóxido e dióxido de carbono, gases tóxicos. Por isso, os mineiros tentaram revezar o oxigênio até o resgate chegar.

As equipes, porém, só conseguiram alcançar a câmara nesta quinta-feira. Segundo os relatos, os corpos foram encontrados amontoados na sala, já sem vida.

A descoberta de que a mina contém apenas uma sala de pânico causou polêmica no país --6.500 pessoas trabalham no local.

O proprietário, Alp Gürkan, havia dito em uma entrevista ao jornal "Dünya" em abril que existiam diversas destas câmaras.

Na ocasião, ele afirmou ainda que as salas continham oxigênio e comida para 20 dias.

BILHETE

Em outra história revelada, um bilhete foi encontrado pelos bombeiros ao lado do corpo de outra das vítimas. Continha um recado a seu filho.

"Por favor, me dê sua bênção, filho", estava escrito, segundo foi informado pelo representante do sindicato dos mineiros, Osman Tutkun, ao canal de televisão local NTV.

A revelação causou comoção entre os familiares que acompanham o resgate.

As autoridades acreditam que dificilmente ainda serão encontrados sobreviventes. As equipes de resgate encontraram dificuldade para avançar devido a um incêndio no interior da mina que consumiu um corredor com cerca de 200 metros.

A estimativa oficial é que 142 pessoas ainda estejam desaparecidas, embora o número não seja exato porque a explosão aconteceu durante a troca de turno dos trabalhadores.

Nenhum sobrevivente é resgatado desde o anoitecer da última quarta-feira (14). Na ocasião, seis mineiros foram retirados depois de passarem 18 horas presos e foram saudados com palmas.

Moradores de Soma revelaram que sempre temeram os acidentes nas minas.

"As mulheres dos mineiros beijam seus maridos pela manhã. Quando eles voltam, mesmo se só estiverem cinco minutos atrasados, você começa a ligar. Você nunca sabe o que vai acontecer", disse Gulizar Donmez, filha e mulher de mineiros e vizinha de uma das vítimas.

Parte dos mortos já foi enterrada em um cemitério em Soma. Durante a cerimônia, mães e mulheres das vítimas cantaram a frase "o amor da minha vida se foi".

O cemitério local estava tão lotado que o imã pediu às famílias que prestassem suas últimas homenagens rapidamente, para abrir espaço para outros enlutados.

Cemal Yildiz, de 19 anos, é a vítima mais nova.

Rumores chegaram a apontar que ele tinha apenas 15 anos, mas os pais confirmaram sua idade.

APOIO

Pelo mundo, celebridades expressaram seu apoio aos mineiros e a familiares dos trabalhadores.

Entre eles, o ex-lateral da seleção brasileira Roberto Carlos --atualmente, técnico do time turco Sivasspor--, o atacante Didier Drogba, a modelo brasileira Adriana Lima, a cantora Rihanna e o ator James Franco.


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