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Em SP, Rushdie critica imprensa internacional

Mídia não oferece análise, afirma escritor em evento do ciclo Fronteiras do Pensamento

SYLVIA COLOMBO DE SÃO PAULO

O escritor britânico-indiano Salman Rushdie, 66, criticou na última quarta (14) em São Paulo a imprensa internacional por reportar apenas as "explosões e tiros" dos países em conflito pelo mundo, em vez de oferecer possibilidade de análise e reflexão.

Para Rushdie, esse papel está sendo cumprido mais pela literatura praticada por escritores jovens do que pelos grandes jornais.

"A literatura nos oferece a resposta sobre como seria viver em outro país. Como entender o que acontece na Coreia do Norte, por exemplo, só pelo que lemos nos jornais?", perguntou, no evento Fronteiras do Pensamento, que teve promoção da Folha.

Rushdie disse que pôde ter uma ideia mais completa ao ler uma obra ficcional, "The Orphan Master's Son", de Adam Johnson, vencedora do prêmio Pulitzer de 2013.

Também chamou a atenção para a produção recente de autores contemporâneos paquistaneses. "Temos de aproveitar que vivemos uma época de ouro das traduções para conhecer mais outras realidades."

Rushdie diz não ter tanto interesse em saber o que está acontecendo no Irã como tinha no passado. "Eu me interessava quando eles estavam interessados em mim. Agora não é mais assim", disse, levando o público a rir.

Em 1989, o aiatolá Khomeini pediu a morte do escritor, por considerar trechos de seu livro "Os Versos Satânicos" blasfemo. "Sobre essa polêmica só posso dizer que estou vivo, e ele não."

Perguntado se via paralelo entre a perseguição ao ex-agente Edward Snowden, refugiado na Rússia, e a promovida contra ele, Rushdie brincou: "Que eu saiba, ele não escreveu nenhum livro".

Depois, emendou que teme o que Snowden pode estar fazendo para manter sua segurança lá. "Você acha que Putin não está perguntando um monte de coisas e que Snowden não está passando informação nenhuma? Temo pelas consequências disso."

Ao final, voltou a referir-se às ameaças a escritores, citando o espanhol Federico García Lorca (1898-1936), morto pelo regime franquista na Espanha. "A literatura sobrevive, os escritores não. Mas os escritores que conheço que são dignos desse título afirmarão que vale a pena correr riscos para contar suas histórias", disse, sendo efusivamente aplaudido.


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