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Guerra suja

Na reta final da eleição colombiana, debate político perde espaço para escândalos em série, troca de acusações e renúncia de assessores

SYLVIA COLOMBO ENVIADA ESPECIAL A MEDELLÍN

Um assessor de campanha vinculado oficialmente pela promotoria a um escândalo de vazamento de informações de inteligência.

Um ex-presidente acusando o atual de receber dinheiro do narcotráfico para sua campanha. Um "hacker" atrás das grades. Redes sociais multiplicando as acusações de todos os lados.

A cinco dias do primeiro turno, as eleições colombianas passaram de um debate acalorado sobre como o país pode atingir a paz após 50 anos de conflito com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) para bate-boca e "guerra suja".

A expressão foi usada pelo presidente Juan Manuel Santos, por oposição e mídia para definir o chamado "escândalo do hacker".

No sábado 17, a revista "Semana" publicou um vídeo que mostra o candidato Óscar Iván Zuluaga em reunião com o hacker Andrés Sepúlveda, preso desde 6 de maio, acusado de tentar sabotar o processo de paz.

Na gravação, Zuluaga aprova o uso de material conseguido de forma ilícita para derrotar Santos, candidato à reeleição. Antes, o candidato havia dito que sequer conhecia Sepúlveda.

Nesta segunda (19), a promotoria vinculou um assessor de Zuluaga que também participa da conversa, Luis Alfonso Hoyos, ao caso.

O responsável pela gravação do vídeo foi identificado. Rafael Revert, que trabalhava com o hacker, disse que decidiu gravar o vídeo e divulgá-lo porque considerava errado que segredos de segurança de Estado fossem usados numa campanha.

Zuluaga, que tem apoio do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-10), diz que o vídeo é "uma montagem".

"Essa armadilha nos surpreendeu por ser tão mesquinha e tão baixa", afirmou nesta segunda, negando que vá renunciar devido ao caso. "Esse é o sonho de Santos".

A última sondagem antes do veto eleitoral, da Ipsos, mostra Zuluaga um ponto à frente de Santos, empate técnico que levaria a um segundo turno, em 15 de junho.

"Isso virou uma campanha delinquencial' e é muito grave. Zuluaga disse que não conhecia esse senhor. Mentira. Depois, que ele só estava fazendo um trabalho de contenção de redes sociais. Também mentira. Depois, ainda, que só o recebeu em seu escritório por uns minutinhos. Mais mentira", afirmou Santos nesta segunda (19).

CONTRA-ATAQUE

Uribe contra-atacou afirmando que tem provas da doação de US$ 2 milhões do narcotráfico para a campanha de Santos em 2010.

Porém, alega que não pode entregá-las por questões de segurança. A acusação causou a renúncia de J. J. Rendón, um assessor do presidente.

Já Santos retrucou o ataque de Uribe, seu ex-aliado, dizendo que "ele é um mentiroso e um covarde".

Analistas concordam que o vídeo prejudica Zuluaga, mas também que reforça sua candidatura para os aliados a Uribe. "Os uribistas são dos que pensam que os meios estão dominados pelo presidente, e que o vídeo poderia ser uma montagem", diz o cientista político Andrés Mejía.

A revista "Semana", que divulgou o conteúdo, é dirigida por Alejandro Santos, sobrinho do presidente.

Para o historiador Dario Acevedo, o vídeo mostra que a disputa é desigual.

"Santos não passou aos opositores informações básicas sobre a negociação [com as Farc], o que gera muita diferença com relação a outros candidatos. Mas isso não justifica a guerra suja."


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