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Ucranianos votam sob sombra da Rússia

Pesquisas indicam que haverá vitória de magnata proprietário de fábrica de chocolate ainda no primeiro turno

Resultado pode abrir diálogo com Moscou e, assim, aliviar a tensão deixada pela ocupação da região da Crimeia

LEANDRO COLON ENVIADO ESPECIAL À UCRÂNIA

Barricadas de pneus e acampamentos com alusões militares decoram a praça da Independência da capital, Kiev, à véspera da eleição presidencial ucraniana.

Em Donetsk, uma das principais cidades do leste do país, pneus e adereços de Forças Armadas cercam o prédio do governo regional.

A coincidência para por aí. As duas cenas, visitadas pela Folha desde quinta-feira (22), comprovam a bagunça política que virou a Ucrânia e ajudam a explicar por que os ucranianos vão às urnas neste domingo (25).

Kiev é a trincheira dos nacionalistas anti-Rússia e será o grande centro da eleição, com alta adesão e celebração do resultado. Espera-se uma multidão na praça da Independência, palco dos protestos que derrubaram em fevereiro o presidente Viktor Yanukovich, aliado do russo Vladimir Putin.

O governo interino que assumiu logo depois, com a pecha de nacionalista, sairá de cena após uma eleição monitorada por pelo menos 2.000 observadores internacionais.

Em Donetsk, o jogo é outro. Lá, quem tem dado as cartas são separatistas pró-Moscou, apoiados por grande parte de uma população de origem russa. Vão fazer de tudo para atrapalhar a votação, com o bloqueio de zonas eleitorais, além de não reconhecê-la. Nem os principais candidatos a presidente conseguiram fazer campanha lá.

Diante disso, há uma certa convicção de que a escolha de um novo presidente ainda está longe de ser solução para a crise. "A eleição tem importância porque, em teoria, tira o argumento do Putin de que o governo interino é ilegítimo", diz o professor ucraniano de relações internacionais Igor Todorov, da Universidade Nacional de Donetsk.

A única certeza é a de que a Ucrânia vai eleger um presidente, provavelmente o magnata Petro Poroshenko, apelidado "rei do chocolate" (é dono da principal marca do ramo no país).

Segundo as últimas pesquisas, ele pode ultrapassar 50% dos votos e vencer já neste domingo. Um segundo turno, se necessário, está marcado para 15 de junho. O rival mais provável é a ex-premiê Yulia Timoshenko.

A vitória de Poroshenko ainda em primeiro turno é vista em Kiev como essencial para evitar mais disputa no país e, ao mesmo tempo, acelerar algum tipo de medida de estabilização política.

SEGURANÇA

Ainda neste sábado (24), ativistas nacionalistas monitoravam a entrada e saída da praça da Independência como forma de barrar qualquer simpatizante de Moscou.

Prática igual ocorre em Donetsk, mas pelas mãos dos separatistas que tomaram o controle do prédio do governo local. O leste tem sido palco de relatos diários de dezenas de mortos em confrontos entre militantes pró-Moscou e forças ucranianas.

O governo de Kiev promete uma operação com 55 mil policiais e 20 mil voluntários para garantir a segurança da votação em todo o país.

Na noite de sábado, o Ministério do Interior ucraniano emitiu declaração afirmando que os votos "provavelmente terão de ser contados a mão" por causa de ameaças de hackers do leste.

A tensão na região aumentou após a Rússia anexar a península da Crimeia, território até então ligado à Ucrânia, como resposta à queda de Yanukovich da Presidência.

Na sexta-feira (23), o presidente russo disse que vai respeitar o resultado do voto.

Há uma certa expectativa de que, caso Poroshenko já saia vencedor no primeiro turno, seja um diálogo entre Rússia, EUA e União Europeia como gesto político de tentativa de buscar a estabilidade política --só não se sabe se os lados querem isso de fato.


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