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Eleição no Egito deve marcar volta de governo militar

Ex-chefe das Forças Armadas e mentor de golpe contra islamita é favorito no pleito que começa nesta segunda

Popular, Abdel Fattah al-Sisi recebeu mais de 90% dos votos de egípcios fora do país, que já foram às urnas

DE JERUSALÉM

Egípcios vão às urnas nesta segunda-feira (26) para eleger seu próximo presidente, em um pleito no qual a vitória do ex-militar Abdel Fattah al-Sisi já parece certa.

Caso seja confirmada a previsão, Sisi porá fim à experiência de Presidência civil no país. Ele foi um dos mentores do golpe militar que derrubou o islamita Mohammed Mursi em julho de 2013 --Mursi está detido desde então.

Com apenas dois candidatos, o pleito realizado em dois dias encerra-se na terça-feira (27). Os resultados serão anunciados em 5 de junho e, se ninguém tiver mais de metade dos votos, haverá segundo turno em 16 e 17 de junho --o que é pouco provável.

Sisi é popular no país. Resultados preliminares indicavam, na semana passada, que ele recebeu mais de 90% dos votos de expatriados, contra 5% do rival Hamdin Sabahi --político de esquerda com visões radicais, que incluem cortar laços com os EUA.

Há cerca de 54 milhões de eleitores no Egito, o maior país de população árabe, com quase 90 milhões de habitantes. O pleito está sujeito a monitoramento externo.

BOICOTE

A eleição de Sisi, se confirmada, será um golpe contra a Irmandade Muçulmana --que, em um ano, foi considerada uma organização terrorista, perdeu a Presidência e teve a liderança detida e condenada à morte.

A organização pede, porém, que haja boicote contra o pleito em nome da legitimidade do governo de Mursi. Há previsão de protestos.

"A Irmandade Muçulmana quer colocar obstáculos às eleições, mas eles não podem obrigar 54 milhões de pessoas a não votar", diz à Folha George Ishak, fundador do movimento opositor "Kefaya" ("basta", em árabe) e hoje forte aliado de Sisi.

Ele acha que Sisi não representa os interesses militares, apesar de sua origem, pois o candidato abandonou o posto ao oficializar sua campanha para a Presidência.

O líder religioso islâmico Yussef al-Qaradawi emitiu neste mês uma fatwa (ordem religiosa) proibindo a participação nas eleições egípcias, afirmando que o voto em Sisi trará a derrocada do Egito.

CAMINHO TORTUOSO

O Egito é um dos países da chamada Primavera Árabe que, no fim de 2010 e início de 2011, deram início a uma onda de manifestações ao redor do Oriente Médio.

A população egípcia derrubou o então ditador Hosni Mubarak em fevereiro de 2011, após décadas de poder.

O que parecia ser o início de um processo democrático mostrou-se um caminho tortuoso. O país esteve sob o controle de uma junta militar, que transferiu o poder ao islamita Mohammed Mursi.

O governo de Mursi foi ineficiente, lidando com uma economia em frangalhos. As tentativas de centralizar o poder nas mãos da Irmandade Muçulmana levaram milhões às ruas, e o Exército encabeçou o golpe que depôs o líder.

O presidente interino Adly Mansur, apoiado pelos militares, governa o país. Com ele, o Egito reprimiu islamitas, como no massacre da mesquita de Rabia al-Adawiya.

Procurada pela reportagem, a Irmandade não se manifestou.


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