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Análise eleição europeia

Resultado mostra grande desamor pelo bloco

Vitória de partidos populistas deve levar a União Europeia a um certo esfriamento no seu ímpeto de integração

ADRIÁN ALBALA ESPECIAL PARA A FOLHA

O resultado da eleição europeia leva à pergunta de quem são os líderes dos partidos populistas que saíram vencedores.

Assim como na América Latina, a denominação "populista" na Europa é marcadamente pejorativa.

Tende a se aplicar a personalidades carismáticas que fazem uso de discursos demagógicos para identificar um "inimigo" predeterminado e, assim, apresentar soluções geralmente simplistas.

À diferença dos "nossos" populistas, geralmente marcados como esquerdistas (Hugo Chávez, Cristina Kirchner e outros), os europeus estão, em sua maioria, vinculados à extrema direita. Compartilham nacionalismo exacerbado, retórica anti-Islã e abominação à União Europeia (UE).

É lógico perguntar-se para que querem estar no Parlamento Europeu partidos que rejeitam a UE. Além de captação de fundos, respeitabilidade e visibilidade, eles constituem uma força importante de bloqueio para toda iniciativa de aprofundamento das instituições europeias.

A esta situação se soma o fato de que os principais partidos pró-UE não possuem linhas homogêneas sobre os próximos passos a seguir e os tratados a serem adotados.

Isto é particularmente verdade para a centro-direita, com profundas divisões acerca de questões imigratórias e transferência de soberania.

Um bom exemplo recente é a intervenção do ex-presidente direitista francês Nicolas Sarkozy, que pediu a suspensão do tratado de Schengen, cujo objeto é a livre circulação de pessoas.

A ampliação da UE a 28 países ofereceu uma "atualização" dos discursos mais nacionalistas sobre as políticas migratórias. Às tradicionais "ameaças" de trabalhadores de fora da UE se somaram as que vêm de dentro do bloco, em particular Bulgária e Romênia. Este foi o principal argumento do Ukip britânico.

Por outro lado, existe um grande desamor pela União Europeia.

As instituições são opacas para os próprios europeus, e as funções dos diferentes órgãos, como a Comissão Europeia, o Parlamento Europeu e o Banco Central, são desconhecidas e, muitas vezes, mal interpretadas.

Os funcionários europeus são considerados meramente tecnocratas. Numa enquete recente, mais de 50% dos europeus expressaram o seu descontentamento com UE, e esse desamor vai além da crise econômica atual.

É provável que a UE tenha entrado numa fase mais "fria" do seu desenvolvimento e integração.

Os principais partidos, particularmente os conservadores, tenderão a ser mais relutantes quanto a qualquer nova transferência de soberania para Bruxelas. No Reino Unido, o governo até planeja um referendo sobre a própria permanência no bloco.


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