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Brasil no Haiti - 10 anos

Maioria dos haitianos tem boa imagem de soldados

Com queda de criminalidade, população se acostumou com tropas nas ruas

ONU cita treinamento da Polícia Nacional como legado; missão trouxe poucos avanços na política, diz oposição

RENATO MACHADO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO HAITI

Cerca de dez militares brasileiros caminham calmamente por entre vielas de Cité Soleil, a maior favela de Porto Príncipe, acompanhando o movimento ao redor. Umas poucas crianças chegam perto e pedem "chokola" --chocolate, no idioma local, o créole.

Mulheres em frente a suas casas dão a impressão de não se importar com a presença do grupo. Após dez anos, os capacetes azuis viraram um personagem comum na paisagem haitiana.

A pacificação das comunidades se deu basicamente em três anos. As ações começaram pela região central da capital, em áreas como Bel Air, depois migraram para Cité Militaire e chegaram finalmente na famosa Cité Soleil.

Em maio de 2007, a área que ficou conhecida como a favela mais perigosa do mundo estava pacificada. Assim como o resto do país.

Veio o terremoto em 2010, que deixou cerca de 220 mil mortos. O efetivo aumentou, e a missão mudou um pouco o foco para abranger ajuda humanitária e reconstrução do país, com as companhias de engenharia militar.

"A situação de criminalidade caiu bastante, e a de segurança é altamente razoável. Mas é preciso levar em conta que ela é frágil", afirma o general José Luiz Jaborandy Junior, comandante da força militar.

Apesar de não serem mais os protagonistas, os militares estão nas ruas a todo momento. Apenas o batalhão brasileiro realiza uma média de 36 patrulhas por dia, cada uma delas com três horas de duração --ações feitas a pé, nas viaturas e nos blindados.

LEGADO E CRÍTICAS

A missão da ONU considera como um de seus legados a profissionalização da Polícia Nacional do Haiti.

"Quando a missão foi instalada, a polícia tinha cerca de 5.000 integrantes, número que agora aumentou para 11 mil", diz Sandra Honoré, representante especial do secretário-geral da ONU.

A avaliação é de que é preciso haver 15 mil policiais. A meta é alcançar isso até 2016.

Um dos pontos em que a Minustah mais enfrenta críticas é na questão política.

As eleições legislativas estão atrasadas em três anos. O mandato de um terço dos senadores se encerrou, o que inviabiliza a atuação dessa Casa. A Câmara vai enfrentar o mesmo problema em breve.

"A Minustah é um grande fracasso, ela falhou ao implementar a democracia no Haiti", afirma o advogado de direitos humamos Mario Joseph, do Escritório de Advogados Internacionais --entidade ligada ao ex-presidente Jean-Bertrand Aristide.

A opinião nas ruas de Porto Príncipe parece ser mais favorável à Minustah. "Antes a gente saía pela rua e via corpos abandonados. Os brasileiros é que controlaram a violência", afirma o vendedor Jean-Michel Auguste.

A Minustah enfrenta ocasionalmente protestos pedindo sua partida. Em Port Salut, no sul, uma estátua mostra um haitiano segurando a bandeira nacional e pisando sobre um capacete azul.


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