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Brasil no Haiti - 10 anos

Para analistas, Brasil não impôs seu estilo

Missão no Haiti também não ajudou na campanha brasileira por uma vaga no Conselho de Segurança da ONU

Cerca de 30 mil militares brasileiros passaram pelo país, na maior operação desde a Guerra do Paraguai

OLÍVIA FREITAS DE SÃO PAULO FÁBIO ZANINI EDITOR DE MUNDO'

O saldo dos dez anos do Brasil no comando militar da Minustah (missão de paz no Haiti) tem aspectos positivos e negativos, segundo analistas. O país criou uma boa relação com a ONU e aperfeiçoou as tropas, mas não conseguiu alavancar a campanha por uma vaga permanente no Conselho de Segurança.

"Havia uma expectativa de que o Brasil pudesse implantar uma forma distinta de comandar, entre a construção e a imposição da paz, combatendo os problemas socioeconômicos e os de segurança", diz Ricardo Seitenfus, representante da OEA no Haiti entre 2009 e 2011.

Ele acredita que as principais potências impediram o Brasil de realizar o objetivo. "Era um sonho brasileiro. Um embate que o Brasil fez com os sócios mais próximos e no âmbito do Conselho de Segurança, que resultou na derrota brasileira e da nossa experiência no Haiti", explicou.

Segundo o alemão Kai Michael Kenkel, especialista em operações de paz, o Brasil trouxe benefícios à população haitiana. "O país foi bem visto internacionalmente. Conseguiu casar um jeito brasileiro de fazer as coisas com experiências domésticas", disse. Na área militar, porém, afirma que é difícil sair das práticas estabelecidas pela ONU em missões de paz.

"Talvez o Brasil tivesse a expectativa de que [a participação] fosse traduzida em perfil internacional. Mas o fato de liderar já foi grande satisfação.", afirmou ele. Após o Haiti, o país foi convidado para comandar missões no Congo e no Líbano.

"Isso reflete um reconhecimento por parte da ONU em relação à qualidade e à importância da contribuição brasileira", diz Danilo Souza Neto, que estudou a Minustah em seu mestrado e é doutorando na Universidade de Cambridge.

Já o antropólogo Omar Ribeiro Thomaz, da Unicamp, especialista no Haiti, considera um equívoco a propaganda de gentileza da atuação no Haiti.

"Não teve nada de excepcional. O Brasil agiu de acordo com o protocolo da ONU, tentou ganhar prestígio internacional e não conseguiu, continua sendo um país amador", afirmou.

Mais de 30 mil militares do Exército, Marinha e Aeronáutica passaram pelo Haiti o que fez da Minustah a maior operação militar brasileira desde a Guerra do Paraguai.

Para muitos deles, foi a primeira atividade real em campo. "Esse treinamento vem sendo muito útil para que, no seu retorno ao país, nossas tropas possam incorporar a experiência em território brasileiro", afirmou o Itamaraty. O Haiti rendeu ao país, por exemplo, a experiência de pacificações de favelas, depois aplicada no Rio.

O Ministério da Defesa diz também que passou a ter acesso a novas tecnologias e estratégias usadas em ações com ou sem o uso de força.


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