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Vice é convocado a depor na Argentina

Amado Boudou é acusado de adquirir gráfica usando empresa laranja para se beneficiar em contratos com governo

Cristina viajará ao Brasil no dia do depoimento; assim, ele seria ouvido pela Justiça como presidente em exercício

FELIPE GUTIERREZ DE BUENOS AIRES

O vice-presidente da Argentina, Amado Boudou, será questionado pela Justiça por um caso de tráfico de influência na época em que ele era ministro da Fazenda (2009-2011). Nesta sexta (30), o juiz Ariel Lijo o convocou para depor no dia 15 de julho.

Trata-se do caso de político de mais alta hierarquia a ser investigado pela Justiça desde o fim da ditadura. A própria Cristina Kirchner o escolheu como vice para compor sua chapa, em 2011. "Ele é a figura perfeita para atacar a presidente por associação", afirma a cientista política Maria Esperanza Casullo, da Brown University (EUA).

O caso se torna ainda mais constrangedor para Cristina por uma coincidência.

Ela foi convidada pelo russo Vladimir Putin para participar da cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em Fortaleza, no mesmo dia em que Boudou for à Justiça.

Isso significa que ele poderá ser presidente em exercício quando for questionado. Ainda não se sabe se Cristina cancelará a vinda ao Brasil por causa do escândalo.

Boudou é suspeito por suas relações com a gráfica Ciccone. Segundo o documento do juiz, ele era o dono secreto da empresa, e como ministro, aliviou uma dívida da empresa com a Receita.

O documento também afirma que o político conseguiu fazer com que a gráfica fosse contratada pela Casa da Moeda para imprimir cédulas de peso argentino.

Boudou não é peronista, como a cúpula do governo. Ele era militante de uma agremiação de perfil liberal, a Ucede.

Em entrevista a uma rádio, Boudou disse que não renunciará e declarou ser inocente: "A hipótese de eu ter influenciado a Afip (fisco argentino) para um plano está descartada pois minha nota [na época] falava para termos cuidado para não ter prejuízo fiscal ("¦) e a empresa sempre esteve nas mãos da família Ciccone".

"Há muitas evidências para fazer com que a investigação avance. Mas, historicamente, a Justiça Federal tem um comportamento muito político", afirma o analista Alvaro Herrero, do Laboratório de Políticas Públicas.

"É o fim completo da carreira política de Boudou. Não tanto pelo tema judicial, mas por sua falta de perícia política", diz Casullo.

O analista afirma que, "se a ação [judicial] prosperar, é muito provável que seja melhor para o governo que ele renuncie".


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