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Rei da Espanha abdica em favor do filho

Juan Carlos surpreende em anúncio pela televisão ao dizer que é hora de abrir caminho para uma nova geração

Felipe deverá ascender ao trono ainda neste mês, após aprovação do Parlamento; monarquia passa por crise no país

LEANDRO COLON DE LONDRES

O rei da Espanha, Juan Carlos, 76, abdicou em favor do filho, Felipe de Borbón, 46, em um gesto claro para recuperar o prestígio da monarquia local. Após quase 39 anos de trono, ele disse nesta segunda (2) em discurso na TV que é hora de abrir espaço para a nova geração.

Seu filho receberá o título de Felipe 6º com a missão de revitalizar um reinado que passa por um dos piores momentos de sua história.

A abdicação ocorre em meio a um declínio da popularidade da família real, pivô de recente escândalo de desvio de verba pública envolvendo a filha e o genro do rei.

Soma-se também um contexto econômico ainda desfavorável em um país que respira a crise dos últimos anos.

"Uma nova geração reclama, com justa causa, o papel de protagonista. Hoje merece passar à primeira linha uma geração mais jovem, com novas energias, decidida a empreender com determinação as transformações e reformas que a conjuntura atual está demandando", afirmou o rei.

Segundo ele, o filho, que tem o título de príncipe de Astúrias, "encarna a estabilidade" que marca a instituição, com "a maturidade, a preparação e o sentido de responsabilidade necessários para assumir com plenas garantias a chefia do Estado".

O rei da Espanha se torna o terceiro monarca a tomar decisão desse tipo na Europa em menos de dois anos. Antes dele, a rainha Beatriz, da Holanda, e o rei Alberto 2º, da Bélgica, abdicaram.

No pronunciamento de ontem (2), Juan Carlos disse que decidiu abdicar em janeiro, quando completou 76 anos.

Dois meses depois, avisou o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, responsável por revelar a decisão. Uma medida a ser aprovada pelo Parlamento deve oficializar a mudança, e a cerimônia de coroação está prevista para este mês.

O momento para o anúncio envolveu também um cálculo político. Juan Carlos esperou a eleição do Parlamento Europeu, realizada no dia 25 de maio, e saiu de cena um ano antes da eleição geral da Espanha --ou seja, a renúncia, em tese, buscou não tumultuar nenhuma das duas.

A abdicação está longe de ser apenas o gesto de um rei cansado e abatido por problemas de saúde --foram cinco cirurgias recentes.

Pesquisa do Centro de Investigações Sociológicas aponta um declínio constante da popularidade da monarquia na Espanha. Em abril, numa escala de confiança de 0 a 10, a realeza ficou com 3,7, muito abaixo de quem já atingiu o patamar de 7,5 há cerca de 20 anos.

Alguns episódios desgastaram o rei Juan Carlos e contribuíram para essa queda, sobretudo entre os espanhóis mais jovens, que não viveram o contexto político dos anos 70 e 80.

O mais grave foi o envolvimento de sua filha Cristina e do marido Iñaki Urdangarin em um escândalo envolvendo crime fiscal e lavagem de dinheiro.


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