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Análise Dia D

Se ação tivesse fracassado, fronteira da Guerra Fria teria sido na França

Desembarque nas praias da Normandia ainda influencia a história do planeta, 70 anos depois

RICARDO BONALUME NETO DE SÃO PAULO

A Segunda Guerra Mundial foi o mais importante evento do século 20. Não apenas por ter envolvido a maior parte dos países do planeta, ou por ter sido lutada em praticamente todos os mares e continentes, ou pela morte de 50 milhões a 60 milhões de pessoas --a imprecisão deixa claro o tamanho da destruição--, além de criar ainda mais feridos e refugiados.

A guerra redesenhou o mapa da Terra e influencia a história até hoje.

Pode-se argumentar que o Dia D, 6 de junho de 1944, foi o mais importante da guerra --"o mais longo dos dias", na brilhante expressão usada pelo historiador Cornelius Ryan para dar título ao seu clássico livro de 1959.

E se o desembarque na Normandia não tivesse tido sucesso? Os aliados teriam de esperar até 1945 para tentar uma nova invasão. Enquanto isso, os soviéticos estavam se dirigindo ao coração da Alemanha nazista.

Sem a invasão anglo-americana-canadense de 70 anos atrás, a famosa "cortina de ferro" separando os mundos capitalista e comunista não estaria na Europa oriental e no meio da Alemanha, mas nas praias francesas do canal da Mancha. Seria exatamente o que o escritor britânico George Orwell descreveu no seu romance antiutópico "1984": apenas a Grã-Bretanha teria escapado da invasão da "Eurásia".

Dez anos depois do Dia D o mundo vivia essa Guerra Fria entre leste e oeste. A Alemanha Ocidental, a metade capitalista e democrática, aos poucos voltava ao convívio com o resto do mundo. O perigo então estava no leste.

A grande contribuição soviética para o fim do nazismo, enfrentando a grande maioria das tropas alemãs, era deixada de lado nos discursos e artigos.

Vinte anos depois, 1964: o supremo comandante aliado da invasão, o general americano Dwight Eisenhower, visitou a Normandia. Presidente dos EUA de 1953 a 1961, elogiou então os que morreram para "preservar a liberdade" e expressou o desejo de ver um mundo em paz eterna. Também advertiu contra o crescente poder do "complexo militar-industrial".

Nos anos seguintes, os EUA se envolveram na Guerra do Vietnã. No aniversário de 1974, estavam em profunda crise política, moral, social. Foi o ano em que o presidente Richard Nixon renunciou por causa de Watergate.

A cada comemoração da efeméride de dez em dez anos o mundo mostrava que tinha mudado, mas que os ecos da Segunda Guerra continuavam firmes e fortes. Demorou para um chefe de governo alemão ser convidado.

Em 1994, o fim da Guerra Fria prometia um "dividendo de paz". Mas em 2004 o mundo vivia o pós 11 de Setembro, a invasão do Iraque e uma "nova desordem internacional" que ainda acompanha a celebração de 2014.


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