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Franceses da região se ressentem de estragos causados por operação

RODRIGO VIZEU EDITOR-ASSISTENTE DE "MUNDO"

Natural da Normandia, Monique Gervais tinha 19 anos e vivia em Paris quando entreouviu no metrô que os aliados haviam desembarcado. Meses depois, assistiu às tropas americanas desfilarem na capital após quatro anos de ocupação nazista.

Hoje com 89 anos, Monique guarda memórias do período que vão além da visão romantizada, em boa medida por Hollywood, de uma libertação redentora levada a cabo pelo heroísmo aliado.

Como muitos de sua época, Monique relaciona o Dia D e seus meses seguintes aos bombardeios anglo-americanos que mataram parentes seus na Normandia. Sua cidade natal, Le Havre, foi arrasada pelas bombas. Professora, ensinava crianças a usar máscaras de gás e vivia sob tensão de sirenes de alerta.

Segundo o historiador britânico Richard Overy, os aliados despejaram sobre a França mais bombas do que os alemães lançaram sobre a Inglaterra. Só na Normandia, mais de 20 mil civis morreram. "A alegria de ser liberado se misturava a uma grande incerteza sobre o futuro do país e a um certo ressentimento contra os responsáveis pelos bombardeios", disse ele à revista "L'Histoire".

Entre as mágoas de libertados com libertadores estão os fatos de o líder da resistência francesa, Charles de Gaulle, ter sido posto de lado do planejamento do Dia D e de serem pouco lembrados os 177 franceses que desembarcaram em 6 de junho.

Outro capítulo esquecido' é a libertação do sul do país por um segundo desembarque com ampla presença francesa (operação, diga-se, facilitada pelo recuo alemão para defender a Normandia).

Nos EUA, por sua vez, há quem acuse franceses de ingratidão. Em 2003, quando a França se recusava a se engajar no Iraque, o "New York Post" publicou uma foto do cemitério americano na Normandia e o título: "Sacrifício: eles morreram pela França, mas a França os esqueceu".


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