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Greenwald cobra Brasil por asilo a Snowden
Para jornalista, governo só não concede permanência a ex-agente da NSA porque 'tem medo dos Estados Unidos'
Repórter que divulgou maioria de vazamentos de Snowden lança livro sobre espionagem neste sábado, no Rio
O jornalista Glenn Greenwald, que lança neste sábado (7), no Rio, o livro "Sem Lugar para se Esconder: Edward Snowden, a NSA e a Espionagem do Governo Americano", cobrou em entrevista que o Brasil conceda asilo político a Snowden. O ex-agente revelou vasta rede de monitoramento de comunicações brasileiras pelos EUA.
"É muito claro que o país inteiro --a população brasileira, as empresas brasileiras e o governo brasileiro-- foi muito ajudado, recebeu muitos benefícios com as revelações de Snowden", diz Greenwald. "E é muito claro que o país deve proteger os diretos humanos dele, como ele protegeu os direitos humanos dos brasileiros."
Em discurso nas Nações Unidas, em setembro, a presidente Dilma Rousseff se referiu à espionagem americana como violação dos direitos humanos.
"O que Dilma fez, com aquele discurso, foi muito importante para criar esse debate no mundo. Mas essa é a pergunta, se ela quer ser um líder independente ou se quer ficar submissa aos EUA."
Para o jornalista, que publicou a maior parte das revelações de Snowden no inglês "Guardian", "há só uma razão por que o governo brasileiro não vai conceder asilo: porque eles têm medo dos Estados Unidos".
Greenwald cita a mensagem enviada em 2009 à NSA por Thomas Shannon, então subsecretário de Estado dos EUA, agradecendo relatórios sobre os países que participaram da 5ª Cúpula das Américas. É um de muitos documentos, diz Greenwald, "que provam que o objetivo da NSA é ter vantagem industrial para americanos".
Ele questiona autoridades americanas que, há duas semanas no "New York Times", disseram que a espionagem sobre a Petrobras, por exemplo, visou defender "segurança nacional" e não "empresas específicas" dos EUA.
"Tem muito documento, neste livro, mostrando que um objetivo central da NSA é espionagem econômica", afirma Greenwald.
Lembrando a atuação do hacker americano Sabu, que comandou uma onda de ataques a sites do governo brasileiro em 2012, quando trabalhava para o FBI, Greenwald diz que também a NSA "usa hackers sempre". E, como mostra documento que ele ainda vai publicar, espiona hackers para "aprender o que estão coletando".
Para o jornalista, o interesse americano em espionar o Brasil, nos últimos anos, se deve ao fato de ser "um país com influência crescente, com poder econômico aumentando, com muito petróleo e próximo dos EUA". É também "um local importante por onde a internet de outros países está passando".