Folha de S.Paulo

Antipatia às Farc motiva voto em opositor, diz jornalista

Principal jornalista da Colômbia, Daniel Samper Pizano, 71, é também uma figura central da política do país. Irmão do ex-presidente Ernesto Samper, participou, em 2009, de operação para libertar sequestrados das Farc.

À Folha ele diz que Santos seria a melhor alternativa para que o país não dê passos para trás.

Folha - Como vê o segundo turno das eleições? Surpreende a rápida ascensão de Zuluaga? É um voto de medo à anistia das Farc?
Daniel Samper - As Farc, tristemente, foram determinantes em decidir as últimas cinco eleições, e parece que mais uma vez voltam a sê-lo.
Temo que o apoio a Álvaro Uribe [ex-presidente que é o principal cabo eleitoral de Zuluaga] e à sua equipe regressiva e fundamentalista não nasce tanto da simpatia que ele pode despertar.
Afinal, é um dos presidentes mais questionados da nossa história. Mas é, sim, um reflexo da antipatia essencial que as Farc despertam na população.
Penso que a melhor solução ao velho problema da guerrilha é um projeto de paz como o do atual governo.
Por isso votarei em Santos, ainda que não goste dele. E nunca na proposta de aniquilação que oferece Zuluaga, seu rival, manipulado por Uribe.

A Colômbia vem tendo uma performance muito boa na economia, mas isso não resulta em bons números de popularidade a Santos. Por que o apoio a ele caiu tão rápido?
Os números podem ser satisfatórios, mas sua conversão em realidade não é. A Colômbia segue tendo enormes bolsas de miséria, contamos com milhões de "desplazados" [pessoas obrigadas a deixar suas terras pela violência]. É uma população que vive como na Idade Média.
A diferença entre ricos e pobres aumentou de maneira constante e o campo foi arrasado pela guerrilha, pelos paramilitares e pelos tratados com os Estados Unidos. (SC)

Leia a íntegra
folha.com/no1468138