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Clóvis Rossi

#vaiterDilma. Nos EUA

Visita do vice-presidente Biden ajudará a quebrar o gelo criado pelo episódio da espionagem

O vice-presidente norte-americano, Joe Biden, chega nesta segunda-feira (16) ao Brasil para torcer pelo seu país contra Gana, mas, principalmente, para sinalizar "o interesse genuíno em retomar a relação estratégica que tínhamos antes do episódio Snowden", como diz a embaixadora Liliana Ayalde.

Como se sabe, a divulgação do megaesquema de espionagem dos Estados Unidos por Edward Snowden levou a presidente Dilma Rousseff a suspender uma visita de Estado a Washington, prevista para o fim de 2013.

Visita de Estado, no balé diplomático, é a de mais alto nível e sinaliza um relacionamento excelente. Quando a embaixadora manifesta o deseja de devolver o entendimento Brasília/Washington a esse nível está, indiretamente, dizendo que a expectativa norte-americana é a de que Dilma remarque a visita o mais breve possível.

Será durante o encontro com Biden nesta terça-feira (17)? Pode ser, mas é improvável, porque a agenda da presidente está dominada, nos próximos cinco ou seis meses pela Copa, primeiro, e pela campanha eleitoral em seguida.

De todo modo, o Palácio do Planalto anota que se trata do primeiro contato de alto nível entre os dois governos desde que Dilma reclamou da espionagem diretamente a Barack Obama, à margem da cúpula do G20 em São Petersburgo (Biden e Dilma já conversaram, mas informalmente, durante a posse de Michelle Bachelet no Chile).

Convém observar que Biden desempenha um papel ativo na diplomacia, ao contrário do que acontece no Brasil com os vice-presidentes.Por isso, o encontro desta terça-feira não deixa de ser uma indicação de que o mal-estar provocado pela espionagem não foi suficiente para abalar o relacionamento bilateral.

A rigor, só interrompeu os contatos no mais alto nível. Os Estados Unidos continuam no pódio entre os parceiros comerciais do Brasil, apesar da concorrência da China, os brasileiros continuam invadindo Miami/Orlando e, um pouco menos, Nova York, e são os Estados Unidos o primeiro país de destino dos estudantes do programa Ciência sem Fronteiras, menina dos olhos da presidente. São cerca de 22 mil espalhados por aproximadamente 300 universidades.

Trata-se, talvez, da melhor expressão do que os diplomatas gostam de chamar de relacionamento "people-to-people" (pessoa a pessoa), hoje componente importante de qualquer entendimento bilateral.

Retomar a "relação estratégica" (designação adotada a partir da visita do então presidente George W. Bush ao Brasil, em 2007) significa não apenas tratar de assuntos bilaterais. As ações (ou omissões) do Brasil na América Latina interessam aos Estados Unidos.

A crise na Venezuela é uma preocupação comum dos dois governos. Mais: há programas de cooperação trilateral que vão além da América Latina e chegam à África.

Tudo somado, justifica-se a avaliação frequentemente repetida pelo chanceler Luiz Alberto Figueiredo de que nenhum país pode dar-se ao luxo de ter más relações com os Estados Unidos. A visita de Biden é uma boa chance de quebrar o gelo.


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