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Análise

Segundo turno é um referendo sobre negociações com as guerrilhas das Farc

RICARDO SENNES ESPECIAL PARA A FOLHA

O segundo turno das eleições na Colômbia suscita questões que levam a pensar quais as possíveis agendas dos dois candidatos. Essa questão é relevante na medida em que os dois concorrentes são antigos ministros do ex-presidente Álvaro Uribe, cuja capacidade política segue bastante alta.

Um dos temas centrais da campanha são as relações do governo com os grupos guerrilheiros, como as Farc. O atual presidente que tenta a reeleição, Juan Manuel Santos, quando à frente do Ministério de Defesa de Uribe era partidário da política linha-dura com as guerrilhas. Depois de eleito, passou a advogar, após o ciclo de ofensiva militar contra a guerrilha, que era o momento de buscar um acordo. Argumentou que essa via seria mais rápida e menos dramática em termos de violência e custos do que o caminho puramente militar.

Santos imaginou que as negociações de paz estariam encerradas antes do processo eleitoral, o que não ocorreu. A dificuldade de avançar e concluir as negociações corroeu o apoio inicial da opinião pública.

Já seu opositor Óscar Iván Zuluaga, que foi ministro da Fazenda de Uribe e seu apadrinhado político, defende a via militar para se lidar com a guerrilha. Esse discurso mais duro fez com que ele subisse nas pesquisas e tivesse 29% no primeiro turno contra 26% de Santos.

No plano econômico ambos defendem plataformas parecidas, focadas em atrair investimentos com base na promoção de um ambiente pró-negócios. Para Santos, pacificar regiões de mineração e de petróleo e incluir a base social do narcotráfico num plano agrícola oficial são cruciais para um novo salto econômico do país. Eles também têm diferenças no campo social --Santos é favorável ao casamento gay, enquanto Zuluaga é contra.

A terceira colocada, Marta Lucía Ramírez, outra ex-ministra de Uribe, declarou apoio a Zuluaga. Já os dois candidatos mais à esquerda, Clara López e Enrique Peñalosa, apoiam Santos.

Para os vizinhos da Colômbia a paz e a inclusão das guerrilhas na política são vistas como pontos positivos. Países como Equador e Venezuela --que foi chamada para intermediar as conversas--apostam no plano de Santos.

Em meio a uma campanha com pesada troca de acusações de ambos os lados e uma alta taxa de abstenção, mais do que a escolha entre dois candidatos, as eleições tendem a ser uma espécie de referendo com relação às guerrilhas. Está no centro da mesa a continuidade ou não do processo de diálogo para encerrar um dos mais longos conflitos do mundo.


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