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Ex-deputada é impedida de deixar Venezuela
Oposicionista María Corina Machado é acusada de fomentar violência em protestos; sua defesa promete recorrer
Maduro criminaliza a dissidência, diz Corina; Venezuela é posta pelos EUA em 'lista negra' do tráfico de pessoas
A ex-deputada María Corina Machado, uma das líderes da oposição ao governo do presidente Nicolás Maduro na Venezuela, foi proibida de deixar o país por decisão de uma corte da capital, Caracas.
A decisão foi anunciada na TV estatal venezuelana na quinta à noite (19) pelo chavista Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional e inimigo da ex-deputada.
Corina é acusada de conspirar com os EUA pela derrubada de Maduro, o que ela nega, e de fomentar os protestos violentos que ocorrem desde fevereiro no país --acusação que já levou à prisão outro opositor, o ex-prefeito de Chacao Leopoldo López.
Embora tenham diminuído de intensidade nas últimas semanas, os conflitos nas manifestações contra o governo deixaram pelo menos 42 mortos na Venezuela.
"Se demonstrei alguma coisa, é que não há risco nem desejo de que eu deixe a Venezuela", disse a ex-deputada ao jornal venezuelano "El Universal". "Para os venezuelanos está claríssimo que as ações [do governo] por estes dias visam me assustar, ameaçando minha vida e dos meus filhos, para que eu saia do país", acrescentou ela.
Corina acusou ainda a gestão de Maduro de criminalizar a dissidência política. Seu advogado, Tomás Arias, afirmou que a decisão do tribunal de Caracas não tem base legal e vai ser contestada.
No início do ano, sob o comando de Cabello, a Assembleia cassou o mandato de Corina, deputada mais votada nas eleições de 2010.
Os governistas alegaram que ela havia ido à OEA (Organização dos Estados Americanos) supostamente como representante do Panamá, contrariando artigo da Constituição que exige autorização prévia do Parlamento, o que Corina também nega.
TRÁFICO DE PESSOAS
Nesta sexta (20), o Departamento de Estado dos EUA incluiu a Venezuela numa "lista negra" de países que não cumprem regras de combate ao tráfico de pessoas. Dessa relação constam outros 22 países, entre eles Cuba, Arábia Saudita, Rússia, Coreia do Norte, Irã e Tailândia.
"Numa estimativa conservadora, mais de 20 milhões são vítimas do tráfico de seres humanos, e os EUA são os primeiros a reconhecer que nenhum governo está fazendo o suficiente", disse o secretário de Estado americano, John Kerry, na apresentação de relatório sobre o assunto.
Com a inclusão na "lista negra", a Venezuela fica sujeita a sanções como congelamento de ajuda não humanitária ou recusa dos EUA à concessão de empréstimos por parte de instituições multilaterais, como o FMI (Fundo Monetário Internacional).