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Leonardo Padura

O embargo, Hillary e Barack

Obama acatará pedidos pelo fim do bloqueio a Cuba ou deixará correr para que um dia chegue a Hillary?

Uma chuva de cartas, declarações e revelações se abateu nas últimas semanas sobre o presidente norte-americano, Barack Obama, sugerindo e até exigindo que ele flexibilize as condições do embargo financeiro e comercial que o governo dos EUA mantém contra a ilha de Cuba desde o começo dos anos 60.

O presidente, cujas ações estão limitadas pelo fato de que o embargo existe como lei e só pode ser revogado pelo Congresso, tem, no entanto, a capacidade de abrir brechas pelas quais seja possível uma aproximação com Cuba, permitindo aos homens de negócios dos EUA participar do atual processo de reformas econômicas.

Ou seja, de se incluírem no horizonte comercial que parece estar se abrindo no país caribenho, uma situação que já está atraindo interesse ativo da China, do Brasil e de alguns países europeus.

Uma das mais significativas petições a respeito veio nada mais nada menos que de um grupo de empresários norte-americanos de origem cubana radicados na Flórida, alguns dos quais controladores de grandes capitais.

Eles desejam o fim das restrições que, dada sua condição de cidadãos norte-americanos, poderiam impedi-los de investir em Cuba.

Outra, não menos importante, foi uma carta assinada por 46 personalidades políticas, sociais e econômicas, várias das quais detentoras de postos importantes em governos norte-americanos anteriores, mas que no momento operam como consultores ou são acionistas de empresas com potencial interesse em negociar com os cubanos.

Mas a nota mais significativa vem sendo dada pela ex-secretária de Estado Hillary Clinton, uma figura com grande possibilidade de conquistar a nomeação democrata para a eleição presidencial de 2016.

Hillary recentemente lançou um livro de memórias chamado "Hard Choices" ("escolhas difíceis"), do qual algumas páginas foram divulgadas antes do lançamento --entre as quais, não por acaso, aquelas em que ela garante ter sugerido ao presidente Obama que fizesse alguma coisa com relação à política do país quanto a Cuba.

Como a realidade demonstrou, ele não cumpriu sua função de derrubar o sistema instalado no país vizinho. Dias mais tarde, em um ato celebrado em Nova York, Hillary insistiu nesse tema, como se fosse parte de sua agenda política.

O que acontecerá entre Obama e Hillary nos próximos anos com relação ao embargo e suas restrições? Obama acatará as petições que chegam de múltiplas fontes ou simplesmente deixará a bola correr para que, quando chegar a hora, o problema da desavença com Cuba chegue de novo a Hillary?

Especular é sempre complicado, e por isso só me arrisco a fazer perguntas. Mas, como morador da ilha, espero que, em um futuro não muito distante, a lógica política e comercial por fim vença e caiam as partes de um embargo que entorpeceu o desenvolvimento normal de Cuba e cujo peso, sobretudo, recaiu sobre os ombros dos cubanos comuns, que viveram tantas e tão graves crises devidas, em certos casos, ao velho e obsoleto embargo.


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