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Papa punirá bispo que se omitir sobre abuso

Pontífice Francisco, que se encontrou pela primeira vez com vítimas, pediu perdão pelos escândalos sexuais

Segundo ele, líderes da igreja terão de prestar contas sobre atividades para coibir novos casos envolvendo religiosos

JIM YARDLEY DO "NEW YORK TIMES", NA CIDADE DO VATICANO

O papa Francisco teve sua primeira reunião com vítimas de abuso sexual pelo clero nesta segunda-feira (7).

Francisco realizou uma missa particular em uma capela do Vaticano, na qual pediu perdão e descreveu o abuso como "pecado grave".

Quem o pratica, segundo o pontífice, faz parte de um "culto de sacrilégio".

"Perante Deus e o povo, expresso meu pesar pelos pecados e graves crimes de abuso sexual cometidos pelo clero contra vocês", disse Francisco na homilia da missa, de acordo com um texto fornecido pelo Vaticano.

"Também peço humildemente perdão pelos pecados de omissão de parte de líderes da igreja que não responderam devidamente aos relatos de abuso feitos por familiares de vítimas e pelas vítimas mesmas".

Não foi a primeira vez que um pontífice se encontrou com vítimas de abuso --Bento 16 já havia tido reuniões semelhantes.

Mas Francisco foi o mais incisivo com a omissão na hierarquia da igreja, especialmente no caso de bispos.

"Todo bispo deve exercer seu serviço de pastor com diligência a fim de salvaguardar a proteção dos menores e prestarão conta dessa responsabilidade", declarou.

Francisco recebeu seis vítimas --duas da Irlanda, duas do Reino Unido e duas da Alemanha--, e as saudou quando chegaram a uma casa de hóspedes do Vaticano no domingo (6).

Eles voltaram a se encontrar nesta segunda para a missa, e tomaram café da manhã juntos antes que o papa conversasse em separado com cada um --todo o processo levou mais de três horas.

Em entrevista coletiva, Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, descartou a ideia de que o encontro tivesse propósitos de relações públicas, como disseram críticos, e descreveu o contato entre as vítimas e o papa como "muito intenso".

Francisco conquistou elogios generalizados por seu estilo pessoal humilde e seus esforços de reforma da burocracia do Vaticano, mas seu tratamento da questão do abuso sexual lhe valeu críticas agudas por não ter ainda recebido pessoalmente vítimas de abuso, como seus predecessores o fizeram.

Alguns defensores das vítimas de abuso argumentam também que o Vaticano fez pouco para criar um sistema forte, e com prestação de contas rigorosa, para prevenir abusos e impedir que bispos protejam os padres que os praticam por meio de transferências a outras dioceses.

Nos últimos meses, dois comitês da ONU criticaram a igreja pela forma como lida com os casos de pedofilia.

Mas autoridades do Vaticano dizem que muitas das preocupações da ONU estavam desatualizadas e apontam para diversas mudanças adotadas no pontificado de Francisco.

Ele criou uma comissão especial para as questões de abuso sexual e incluiu entre seus membros uma proeminente vítima irlandesa.


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