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Brasileiros torcem em meio a confronto
LEONARDO BLECHER DE SÃO PAULOA comunidade brasileira do kibutz Bror Hail, em Israel, assistiu à derrota brasileira na Copa do Mundo, nesta terça (8), ao som de bombas e aviões de guerra.
O local fica a 6 km da faixa de Gaza e é próximo de Sderot, cidade israelense mais atingida pelos foguetes lançados por militantes do Hamas e da Jihad Islâmica.
Segundo a paulista Betty Raz, 66, que vive no kibutz, os alarmes que avisam a população da chegada dos mísseis soaram diversas vezes nos últimos dois dias.
Quando toca a sirene, as pessoas têm 15 segundos para se esconderem em um abrigo antibombas.
"Você não sabe o que fazer, sai correndo, fica sem reação", disse Betty à Folha, em conversa por telefone.
O Bror Hail é uma comunidade conhecida por abrigar imigrantes do Brasil. Das 600 pessoas que vivem no lugar atualmente, metade é brasileira ou descendente.
Nos outros jogos da seleção brasileira na Copa, os moradores do kibutz fizeram festas com churrasco, cerveja e piscina. No entanto, na partida contra a Alemanha, o clima foi de apreensão.
"O Exército não permite fazer festa nesses dias", disse Betty Raz. "Além disso, as pessoas não têm ânimo."
Betty disse que algumas pessoas assistiram ao jogo em suas casas, construídas com estrutura para resistir aos mísseis. Outros acompanharam perto de um abrigo. Os "bunkers", como são chamados os abrigos, estão presentes na maioria das propriedades na região, historicamente conturbada.
VIDA DE GUERRAS
Quando Betty Raz chegou a Israel, o país se recuperava da Guerra dos Seis Dias, conflito contra Egito, Jordânia e Síria, ocorrido em 1967.
Desde então, Israel se envolveu em quatro guerras, duas Intifadas (revoltas palestinas) e frequentes ataques de ambos os lados.
Seu cunhado, Giora Balazs, morreu no atentado suicida à pizzaria Sbarro, em Jerusalém, em 2001. Este foi o maior ataque terrorista em Israel: deixou 15 civis mortos e outros 130 feridos.
Ela diz que os parentes tentam convencê-la a voltar ao Brasil. "Mas como posso sair? Tenho meus filhos, meus netos", conta.
