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Análise - Desastre na Ucrânia

Aeronave cai em momento delicado para líder da Rússia

Putin tenta romper isolamento e manter certa distância de grupos separatistas

IGOR GIELOW DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O cenário no qual um míssil derrubou o Boeing-777 da Malaysia é politicamente conveniente para a narrativa que os EUA e a Ucrânia buscam para a crise em curso no leste do país europeu. Todos os dedos acusadores voltam-se imediatamente a Moscou.

Desde que tomou para si a península da Crimeia, após a revolta que derrubou o governo pró-Kremlin de Kiev, o presidente Vladimir Putin vem tentando isentar-se de apoio direto aos separatistas étnicos russos que disputam o controle no leste da Ucrânia.

No Brasil de segunda (14) a quarta (16) para a reunião dos Brics, Putin reforçou o discurso de que seu país é vítima de uma perseguição dos EUA na forma de sanções decorrentes do conflito.

Recebeu, em troca, uma escalada de sanções na própria quarta. Se faltavam motivos sólidos para sustentá-la ali, a eventual derrubada do 777 está à mão agora.

Até a conclusão desta edição, os indícios apresentados na mídia americana apontavam que o avião foi mesmo derrubado. Falhas parecem descartadas por falta de alertas, embora terrorismo, não.

Mas é um cenário complexo. Admitindo que os rebeldes tenham acesso ao sistema antiaéreo russo 9K37 Buk, como o governo ucraniano sugere, de fato eles teriam capacidade de atingir um alvo a 10 km de altitude e a 914 km/h, como registra o último sinal do voo em sites de controle aéreo.

Onde eles conseguiriam tal arma? Com a Rússia, ali do lado, ou na própria Ucrânia, que tem 60 dessas baterias.

Mas eles poderiam operá-la? Há várias versões do Buk, mas todas precisam de operadores especialistas de radar. Isso leva consequentemente às suspeitas da presença militar russa em solo.

Outra teoria a circular: o disparo saiu da própria Rússia. Antes do incidente do 777, a Ucrânia havia divulgado que um caça local havia sido derrubado pelos russos em seu território, o que é possível com com suas armas antiaéreas e mísseis ar-ar.

O Boeing caiu a uma distância da fronteira russa que permite especular que tenha sido atingido por algum sistema de armas.

Mas por que atacar um alvo neutro? A única resposta no campo da plausibilidade é erro. É possível, ainda que soe improvável com o radar de um Buk mais moderno, confundir um avião comercial com um militar em alta altitude --como alegaram os próprios EUA ao abater um Airbus iraniano em 1988.

A alternativa fica no campo da conspiração. Um disparo de um Buk da Ucrânia para incriminar separatistas e russos, dando argumento contra Moscou. Parece ficção da Guerra Fria, mas este conflito já viu um pouco de tudo.


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