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Desastre na Ucrânia

Avião da Malaysia voava menos de 250 m acima de área proibida

Desastre deve suscitar discussão sobre sobrevoo em áreas de conflito, dizem especialistas

Até então, ao voar ali, empresas não pensavam haver armamento capaz de colocar avião em risco

RICARDO GALLO DE SÃO PAULO

Horas antes do desastre com o jato da Malaysia, o controle de tráfego aéreo da Ucrânia emitiu comunicado no qual determinava a pilotos não voar abaixo de 9.753 metros perto da fronteira com a Rússia, por razões de segurança, devido aos "combates em território ucraniano".

O Boeing-777 estava a 10 mil metros --menos de 250 m acima da faixa proibida-- ao desaparecer. A altitude, comum em fase de cruzeiro, fora determinada pelo controle de tráfego da Ucrânia.

A possibilidade de o avião ter sido abatido por um míssil deve motivar mudanças nas regras de sobrevoo em áreas conflagradas, tanto para autoridades quanto para as empresas, dizem especialistas em segurança de voo.

Trata-se da lógica da indústria aérea: quando há um desastre, a premissa é identificar causas contribuintes para evitar que outro ocorra.

"É muito provável que mais espaços aéreos sejam fechados agora que se sabe que grupos de combatentes têm armas antiaéreas potentes", disse à Folha John Cox, consultor de segurança que atuou em seis grandes investigações do NTSB, agência americana responsável por apurar acidentes aéreos.

PRECEDENTE

Isso porque, afirma, até quinta (17), "nenhum avião comercial havia sido atingido por um míssil terra-ar em altitude de cruzeiro".

A tendência é que eventuais novas restrições resultem em aumento de tempo de voo, combustível e custos para as companhias aéreas, diz.

Sob anonimato, um controlador de tráfego aéreo disse acreditar normas mais cautelosas de agora em diante.

Ele diz que, ao fechar o espaço aéreo até 9.753 metros, as autoridades da Ucrânia subestimaram a capacidade dos equipamentos dos combatentes --os EUA dizem que o míssil contra o Boeing partiu de área controlada por rebeldes.

Até então, pensava-se que na área não havia aparato para derrubar um jato a 10 km.

John Cox relativizou. "O governo ucraniano aceitou o plano de voo [feito pela Malaysia], o que significa que eles pensavam que era seguro voar ali e que a avaliação de risco feito pela companhia aérea era aceitável."

Empresas como British e a australiana Qantas já haviam deixado de voar sobre a Ucrânia nos últimos meses. Ontem, a própria Malaysia disse que fará o mesmo.

ESTRADA ABERTA

Tony Tyler, diretor geral da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo), disse em nota que "companhias aéreas dependem de governos e autoridades de controle de tráfego aéreo para aconselhar qual espaço aéreo está disponível para voar".

A entidade que Tyler dirige responde por 84% do tráfego aéreo no mundo.

"É como dirigir um carro. Se a estrada está aberta, você assume que ela é segura. Se está fechada, você procura uma rota alternativa."

Maior autoridade mundial da aviação, a Oaci (Organização de Aviação Civil Internacional) disse à reportagem que alterações nas regras serão consideradas se houver recomendação no relatório final a ser feito pela Ucrânia sobre as causas do desastre.

Ou, ainda, se a própria Oaci achar relevante a revisão das normas. O espaço aéreo na região onde o Boeing da Malaysia caiu está fechado.


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