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Sob risco, Uribe assume como senador

Ao ocupar vaga, ex-presidente da Colômbia perde imunidade e pode ser implicado em processos contra aliados

Colombiano usará sua bancada para tentar barrar projetos de seu hoje rival, o presidente Juan Manuel Santos

SYLVIA COLOMBO ENVIADA ESPECIAL A BOGOTÁ

Um temor ronda a cabeça do ex-presidente colombiano Álvaro Uribe.

Ao assumir neste domingo (20) a vaga no Senado da Colômbia, conquistada após as últimas eleições legislativas, Uribe poderá, finalmente, transferir do Twitter para o Congresso sua furibunda e prolixa oposição ao ex-aliado e atualmente rival, o presidente reeleito Juan Manuel Santos.

Com uma bancada que reúne aproximadamente 40 congressistas, também recém-eleitos por seu novo partido (Centro Democrático), Uribe prepara-se para se opor a diversos itens da agenda do governo, que vão desde as negociações de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) às reformas políticas.

Por outro lado, deixar de ser ex-presidente para assumir o cargo de senador significará perder a imunidade e correr o risco de ser envolvido nos processos contra alguns de seus mais importantes ex-funcionários, alguns acusados e outros já condenados por irregularidades cometidas durante sua gestão (2002-2010).

Os casos mais graves são de três de seus principais colaboradores, que simplesmente fugiram do país.

Recém-condenado a uma pena de 17 anos pela Corte Suprema (mais alta instância judicial do país), o ex-ministro da Agricultura Andrés Felipe Arias, conhecido como "Uribito" (devido à proximidade com o ex-presidente e por guardar com ele alguma semelhança física), está escondido em local desconhecido, nos Estados Unidos, há mais de um mês.

Arias foi condenado por favorecer pessoas e desviar 26 bilhões de pesos colombianos (aproximadamente R$ 31 milhões) de um programa de recursos agrícolas.

Já a ex-diretora do DAS (órgão de segurança do governo) María del Pilar Hurtado, processada por um escândalo de escutas ilegais direcionadas contra membros da oposição, teve um pedido de asilo político recusado pelo Panamá.

Por fim, o Alto Comissário da Paz de Uribe, Luis Carlos Restrepo, é outro foragido que se encontra em local desconhecido no exterior, tentando não responder a processo por forjar a desmobilização de uma unidade da guerrilha das Farc.

Causas relacionadas a direitos humanos também esperam essa perda de privilégios do ex-presidente para tentar envolvê-lo em processos. A mais urgente delas é o caso dos chamados "falsos positivos". Durante a gestão uribista, mais de 3 mil pessoas teriam sido mortas pelo Exército sob acusação de serem membros de guerrilhas. Investigação judicial concluiu que eram inocentes, assassinados por pressão do governo para que o Exército cumprisse metas de abatimento de guerrilheiros.

Como senador, Uribe também terá privilégios diante da Justiça, mas não os mesmos de um ex-presidente.

Ao assumir no Senado, os mais de 200 expedientes contra Uribe passam automaticamente da Procuradoria à Corte Suprema.

O advogado do ex-presidente, Jaime Granados, declarou estar preparado para defendê-lo do ponto de vista técnico, mas se preocupa com o "ambiente hostil contra ele e seu entorno".

ALIANÇAS POLÍTICAS

Com a nova organização do Congresso, o governo terá uma maioria menos expressiva do que durante a primeira gestão (2010-2014) de Santos --cuja posse acontece no dia 7 de agosto. Porém, espera garantir a governabilidade e a aprovação das leis prometidas em campanha por conta da ampla coalizão pela bandeira da paz que garantiu sua reeleição e que envolve setores dos partidos conservadores e os de esquerda.

Em baixa até o primeiro turno da eleição, que perdeu para o uribista Óscar Iván Zuluaga, a imagem positiva de Santos subiu de 44% a 70%, segundo pesquisa do Centro Nacional de Consultoria, divulgada na semana passada.


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