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Governo mantém ataques, dizem rebeldes

Em cidade na fronteira com a Rússia, separatistas mostram prédios destruídos como evidência de crimes ucranianos

Segundo eles, bombas lançadas pelo governo na semana passada na cidade deixaram 11 moradores mortos

LEANDRO COLON ENVIADO ESPECIAL A SNIZHNE

Provavelmente poucas pessoas no Brasil ouviram falar de Snizhne, a 20 km da fronteira de Ucrânia e Rússia.

O cenário de destruição de dois prédios residenciais na semana passada não deixa dúvidas de que civis foram --e estão sendo-- vítimas do conflito entre separatistas e forças ucranianas. Em razão da proximidade do território russo, a cidade de 55 mil habitantes virou ponto estratégico para os rebeldes pró-Moscou no conflito contra o governo ucraniano.

A Ucrânia diz ter evidências de que a área é base do sistema de míssil russo Buk-M1, suspeito de ter derrubado o avião da Malaysia.

Para chegar a Snizhne, a Folha teve de apresentar o passaporte numa barreira a poucos quilômetros de sua entrada. Um separatista alegou que muitas "mentiras" têm sido contadas pela imprensa internacional. Por isso, a "fiscalização" rigorosa.

Depois, a reportagem foi guiada por um carro dos rebeldes até o "bunker" deles, um prédio administrativo tomado à força. Apareceu então o comandante do grupo em Snizhne, que se identificou como Sergei Ivanovich, 49, casado, pai de dois filhos, "especializado em engenharia mecânica".

Na conversa, ele logo acusou as forças ucranianas de terem feito o ataque aéreo que destruiu os dois prédios residenciais na manhã de terça-feira passada (15), matando pelo menos 11 pessoas.

Como o governo da Ucrânia nega, o que há por enquanto é só a acusação dos separatistas sob o argumento de que jamais atacariam civis da área que controlam.

Os dois prédios atingidos estão completamente em ruínas. Parte do maior deles, um de três andares e 12 apartamentos, está em pedaços e a toda hora algum objeto ou móvel despenca. Um dos moradores foi jogado pela varanda pela explosão. Pelos objetos cobertos pelos escombros, é possível identificar que muitas crianças viviam ali.

"Foram mais de cinco mísseis jogados. Morreram civis. O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, diz que somos todos ucranianos, mas ataca o povo da região e não respeita o referendo que decidiu pela separação", disse o chefe dos rebeldes, que tem sala particular e tudo mais.

Ele menciona a consulta popular --bem bagunçada, aliás-- feita recentemente pelos separatistas para se desligar da Ucrânia. "Ninguém aqui votou no Poroshenko [eleito em maio em meio à crise]. Agora, ele está retaliando. Perdi amigos naquele ataque", disse Oleg Ivanov, 45, morador de prédio vizinho e que ajudou no resgaste.

"Pouco mudará nos próximos três, quatro anos. Nós não vamos sair daqui, estamos protegendo nosso povo", diz Ivanovich.

O bunker" de Snizhne é monitorado a cada porta e andar. Algo profissional. Fotos, só com autorização.

Questionado se a Rússia está fornecendo material bélico, o líder rebelde tirou a pistola do bolso: "Veja aqui o registro, é de 1980. Temos aqui na região muitas lojas de armas antigas, do tempo da URSS. Não precisamos da ajuda da Rússia". Ele, porém, se recusou a mostrar a metralhadora atrás de sua mesa.


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