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Ataque a escola da ONU mata 15 em Gaza

Local abrigava refugiados do conflito com Israel; palestinos acusam Exército israelense, que investiga episódio

'Corpos estavam em partes', diz sobrevivente; explosão é ouvida perto do hospital para onde vítimas foram levadas

DIOGO BERCITO DO ENVIADO A BEIT HANUN

Um ataque a uma escola administrada pela ONU em Beit Hanun, norte da faixa de Gaza, deixou ao menos 15 mortos e 200 feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. O local abrigava refugiados do conflito com as forças de Israel.

A liderança palestina culpa o Exército israelense, que afirma investigar o ocorrido.

A reportagem da Folha esteve no local pouco depois do ataque. O pátio não parecia danificado estruturalmente, mas havia rastro de sangue nos corredores.

As vítimas e feridos foram levados dali ao hospital de Beit Hanun, a alguns quarteirões. Palestinos choravam a morte de seus familiares.

A cena era de horror, com parentes largados ao chão, desconsolados. Outros discutiam violentamente entre si. Homens armados foram vistos no local, segundo relatos não confirmados pela Folha.

Testemunhas tentavam contar o ocorrido. Todos insistiam ter sido alertados pela Cruz Vermelha para deixar a escola, sob risco de bombas, e em seguida ter presenciado o ataque.

A Acnur, agência da ONU para refugiados palestinos, diz ter tentado coordenar com o governo israelense uma "janela humanitária" para retirar civis da escola --esse pedido teria sido recusado.

Uma mulher dizia, aos prantos, que eram centenas por ali, em fuga do violento bombardeio em todo o restante de Gaza. Há contradição a respeito do número de bombas lançadas, oscilando entre três e cinco.

"Os corpos estavam separados em partes", afirmou Hania Hamid. Ela não perdeu parentes, mas disse que, após 11 dias refugiada na escola, considerava os demais como parte de sua família.

Enquanto a reportagem estava no local, houve uma súbita explosão diante do hospital, causada por um projétil a poucos metros dali.

O barulho desnorteou as pessoas presentes, que correram para se abrigar. Uma vítima, que acabara de reclamar da ausência de repórteres em Beit Hanun, gritava: "Filmem!".

Próximo à fronteira norte, Beit Hanun é considerada uma região muito perigosa.

Mais de 140 mil palestinos foram deslocados ao longo de 17 dias de disputa entre Israel e militantes em Gaza. Israel acusa o Hamas de usar escolas como abrigo e, assim, arriscar a vida de civis, tidos como escudos humanos.

Os civis acreditam ter algum nível de segurança em escolas, enquanto o restante do território é bombardeado. Israel já atingiu, no entanto, hospitais e igrejas.

O Exército de Israel sugeriu que as explosões pudessem ter sido causadas por foguetes disparados pelo Hamas ou outras facções, sem atingir o território israelense.

Beit Hanun é um dos exemplos de áreas que não recebem mais auxílio de organizações internacionais devido ao alto risco de embates.

Vítimas do ataque à escola reclamavam não ter recebido alimento, nos últimos dias. "ONU, Cruz Vermelha, Israel... São todos criminosos, porque nos pediram para sair da escola ", afirma um palestino que prefere não se identificar. Seu irmão morreu na explosão."

Havia relatos de ataques israelenses em outras regiões, como Khuzaa, ao sul. A reportagem esteve em Khan Yunis, perto de Khuzaa, e ouviu explosões.


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