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Escândalos sexuais envolvendo famosos chocam Reino Unido

Políticos e celebridades do mundo do entretenimento foram acusados de abuso em diversos casos recentes

Preocupação maior de autoridades é com casos em hospitais, creches e internatos; governo promete medidas

LEANDRO COLON DE LONDRES

O centro político de Westminster, em Londres, e o glamouroso mundo do entretenimento britânico enfrentam pesado desgaste diante de denúncias de crimes sexuais cometidos no passado contra crianças.

A menos de dez meses da eleição geral do Reino Unido, o combate à pedofilia é prioridade do governo conservador e, é claro, da oposição.

Não à toa, a Agência de Crime Nacional (NCA), espécie de FBI britânico, anunciou no mês passado uma operação que ao longo de seis meses prendeu 660 suspeitos de ligação com pedofilia --entre eles médicos e professores. Um dos casos mais escandalosos é o do famoso apresentador da BBC Rolf Harris, 84.

No dia 4 de julho, ele foi condenado a quase seis anos de prisão por crimes entre 1968 e 1986 contra quatro jovens de sete a 19 anos --uma delas amiga da própria filha.

Uma vítima diz que foi atacada ao pedir um simples autógrafo ao astro da TV, que sempre negou as acusações.

Harris era até então considerado um patrimônio local. Chegou a pintar um retrato da rainha Elizabeth 2ª.

Sua pena pode ser reduzida por causa da idade, mas a condenação é considerada simbólica e relevante para a revelação de novos casos.

A descoberta contra o apresentador é fruto da Operação Yewtree, investigação policial iniciada em 2012 após suspeitas contra outra estrela, o DJ e apresentador da BBC Jimmy Savile, morto um ano antes, aos 84 anos.

A descoberta contra Savile é assustadora: pelo menos 500 pessoas teriam sido vítimas dele entre 1955 e 2009, entre elas dezenas de pacientes em hospitais. Há relatos do uso de cadáveres.

Com o status de celebridade, Savile atuava como voluntário e apoiava ações do serviço médico da cidade de Leeds, onde nasceu.

Tinha acesso irrestrito a espaços reservados e sem despertar qualquer suspeita.

Mas um documentário transmitido pelo canal ITV um ano após sua morte apontou que tudo não passava de um pano de fundo. Na verdade, ele era uma ameaça dentro e fora dos hospitais.

Uma investigação foi aberta e a conclusão estarreceu o país: 64 pessoas relataram que sofreram assédio dele, sendo 34 pacientes, 19 funcionários e o restante pessoas de fora que tinham ligação com o hospital.

O último caso é de 2009, quando ele estava com 82 anos. A idade das vítimas varia entre cinco e 75 anos.

Segundo Peter Wanless, diretor de uma das mais importantes entidades de combate ao abuso contra crianças, conhecida pela sigla NSPCC, tem crescido a descoberta de casos de abuso em instituições como hospitais, creches e internatos.

"Nos preocupam as instituições que são fechadas, onde o contato com pessoas do lado de fora é limitado", diz.

Ele acaba de ser designado pelo governo britânico para assumir a investigação do sumiço de 114 arquivos oficiais ligados a crimes de pedofilia por políticos nos anos 80.

DOSSIÊ SUMIDO

Uma das principais autoridades no combate à pedofilia, o britânico Peter McKelvie tem afirmado que mais de 20 políticos abusaram de jovens por décadas no país.

A decisão de abrir uma investigação que pode atingir políticos foi tomada pelo primeiro-ministro, o conservador David Cameron, pressionado pela crise deflagrada com a descoberta do desaparecimento dos papéis.

O dossiê havia sido entregue ao Ministério do Interior entre 1983 e 1984 pelo deputado conservador Geoffrey Dickens, que morreu em 1995.

O ex-ministro conservador Norman Tebbit afirmou ser "ser muito possível que tenha havido acobertamento" das denúncias contra deputados.

Outra investigação, batizada de Fernbridge, apontou suspeitas contra membros do Parlamento nos anos 70 no sudoeste de Londres --haveria indícios de que o tal dossiê sumido também teria informações sobre esse caso.

Além disso, Cyril Smith, um ex-membro do Parlamento, sofreu acusações de pedofilia após sua morte em 2010.


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