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Ativista argentina se encontra com seu neto

Pela primeira vez, a presidente das Avós de Maio viu seu neto, sequestrado durante a ditadura militar, em 1978

Pelo Facebook, as Avós de Maio confirmaram o encontro, mas não divulgaram fotos para preservar a privacidade

FELIPE GUTIERREZ DE BUENOS AIRES

Pela primeira vez, a presidente das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, 83, se encontrou com seu neto, desaparecido desde 1978, durante a ditadura militar argentina. O encontro aconteceu nesta quarta (6).

O neto, de 36 anos, cresceu com a identidade de Ignacio Hurban, mas seu nome verdadeiro é Guido Montoya Carlotto, filho de Laura Carlotto, ativista assassinada pelos militares.

"Avós da Praça de Maio informam que Guido Montoya Carlotto já pode abraçar sua família, que o buscou sem pausa e de forma incansável durante 36 anos", disse o movimento, que busca descendentes de militantes assassinados durante a ditadura, em sua página do Facebook.

Não foram divulgadas fotos para preservar a privacidade da família.

O papa, a presidente da Argentina, ministros, juízes e outros ativistas de direitos humanos reagiram com emoção à descoberta do neto de Estela de Carlotto.

"Hoje, por fim, Laura [mãe do rapaz, morta pelos militares em 1978] poderá descansar em paz. Hoje a Argentina é um país um pouco mais justo do que ontem", escreveu a presidente Cristina Kirchner no Twitter.

Na terça (5), saiu o resultado do exame de DNA feito por Guido Carlotto, que desconfiava de sua origem e procurou a associação. As informações genéticas bateram com as de Carlotto.

A associação tem um banco de DNA para poder comparar as informações genéticas de pessoas que procuram saber mais sobre sua identidade. Elas cruzam os dados para saber se há parentesco com as avós.

No regime militar, bebês de militantes de oposição presos eram retirados de seus pais e entregues à adoção.

Os pais adotivos do rapaz não se manifestaram.

LÁGRIMAS

Estela de Carlotto contou, em entrevista coletiva na última terça (5), que a presidente havia telefonado a ela e que as duas choraram juntas.

Quem também se comoveu foi o ministro da Economia, Axel Kicillof. No meio de uma entrevista a uma rádio, cujo tema principal era a crise da dívida do país, ele começou a frase "quero enviar um cumprimento caloroso a Estela de Carlotto" --e então parou de falar, chorando.

Quando o locutor perguntou se ele havia se emocionado, ele respondeu, "sim, muito obrigado" e acabou a entrevista.

Do Vaticano, o secretário de cerimônias, monsenhor Guillermo Karcher, afirmou que o papa Francisco, argentino, ficou tocado pela notícia. O pontífice esteve com Carlotto em abril de 2013.

Quando foi feito o anúncio da descoberta, nesta terça, a sede da associação das avós ficou lotada. Uma parte dos militantes, que não encontrou lugar no prédio, ocupou a rua, e cantava de lá mesmo.

No prédio, Carlotto afirmou que não queria morrer sem abraçar o neto e que é uma alegria que a vida havia dado a ela.


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