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Santos inicia 2º mandato com diálogo de paz abalado

Presidente da Colômbia endurece discurso contra guerrilheiros das Farc

Onda de atentados do grupo põe em xeque plano do mandatário de resolver o conflito por meio do diálogo

SYLVIA COLOMBO DE SÃO PAULO

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, inicia seu segundo mandato nesta quinta-feira (7) endurecendo o discurso contra as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e colocando em suspenso as negociações de paz com a guerrilha, iniciadas em 2012 em Cuba.

Uma onda de atentados do grupo guerrilheiro incluiu bombas em estradas, destruição de reservatórios de água e de torres de energia, deixando cidades inteiras sem água e luz no interior do país, além de causar a morte de uma menina de dois anos.

Integrante de uma família de camponeses "desplazados" [forçados a deixar suas residências pela violência], a garota Yurani Yaqui foi morta enquanto dormia, vítima de uma bomba com a qual a guerrilha buscava atingir a polícia, na região de Cauca.

O crime levou centenas de pessoas às ruas, e o enterro de Yurani se transformou em ato contra a violência.

"As Farc cavam a própria cova. Isso fará com que as pessoas as repudiem ainda mais. Se continuarem, estarão colocando fogo no processo de paz", disse Santos.

É a primeira vez que o presidente levanta o tom contra a guerrilha desde a campanha eleitoral, durante a qual deu mostras de que o governo estava no caminho certo para alcançar a paz.

Tendo perdido o primeiro turno para o candidato linha-dura Óscar Iván Zuluaga, que propunha o fim das negociações e a retomada da alternativa bélica, Santos teve de armar uma grande aliança política, convencendo a esquerda e setores da direita de que alcançaria o fim da guerra por meio do diálogo.

Santos conseguiu impor sua candidatura, apesar de 75% dos colombianos repudiarem que as Farc se reintegrem à sociedade sem cumprir penas e com a possibilidade de ocupar postos no Congresso do país.

A guerrilha retrucou Santos também em alto tom.

O líder Rodrigo Londoño (conhecido como Timochenko) disse que as Farc não esperarão "cabisbaixas" a condenação da sociedade.

"Nos sentimos orgulhosos dos anos de luta, não nos arrependemos."

Segundo o grupo guerrilheiro, as ações são resposta a constantes ataques do governo colombiano.

NEGOCIAÇÕES

A nova rodada de negociações tem início em Havana no próximo dia 12, e pela primeira vez representantes das vítimas do conflito, que já dura 50 anos, estarão presentes.

A decisão também foi polêmica. As Farc não aceitaram a presença de vítimas militares na comitiva. O Exército tentou recorrer à ONU.

Já setores da oposição criticaram a ida de vítimas à mesa de discussões, porque segundo eles poderia contaminar o processo de paz com uma atitude revanchista.

Esta rodada terá como foco a reparação material para os afetados pelo conflito.

Outro foco de tensão é a libertação, nas próximas semanas, de 161 ex-paramilitares, que fizeram acordos com o governo por penas mais leves em troca de informações.

Por terem aceito desmobilizar-se, confessar crimes e indicar onde estão mais de 4.000 corpos de pessoas assassinadas por eles, eles poderão ser soltos tendo cumprido pouco mais de oito anos de cadeia (as condenações eram muito maiores).


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